domingo, 11 de maio de 2014

Não sabia se havia dormido, lembrou que quando olhou no relógio eram duas da manhã, levantou de novo, e era cinco "Eu dormi?" "Dormi de olhos abertos?", os pensamentos sobre a mesma coisa passavam rápidos, com uma flecha, em sua solidão, sempre no mesmo foco. Seus gritos loucos, somente ela ouvia, e ouvia como resposta os ruídos da noite, a porta que se movia, um tossir em algum canto qualquer, o relógio no pulso.
"Os homens dormem" em sua paixão pela humanidade ela sussurrava,  "homens dormem livremente, mas eu fico acordada livremente em minha insônia". Para que dormir? O dia seguinte lhe seria sôfrego de uma maneira ou de outra, e ela riria do mesmo jeito, e se dormisse acordaria cansada como no dia anterior, "Para que dormir?" Poderia passar noites vagando para lá e para cá, fumando seus cigarros, e pensando na vida, mas dormia algumas poucas horas, quando estava próximo da aurora, e dormia como se não houvessem mas dias. "Seria melhor que fosse assim, mas viver é preciso, toda dor e todo o amor é razão de existência". Mas nossas dores e amores não duram muito, são frágeis e enjoativas, são como produtos que trocamos a cada estação, são como pessoas que fingimos amar por alguns meses e depois cansamos, e fingimos sentir amor, ou dor, sem tocar, sem abraço, com o máximo de distanciamento da vida.
Nesta hora ela se perde em seus sentimentos, afinal, são cinco da manhã. Vai para cama, se sente feliz, quer que o sol chegue logo, e dormindo, ela diz, para ninguém, ou para si mesma, eu te amo.... amo.

Edgar de C. Santana

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