domingo, 30 de novembro de 2014

Não quero os privilégios
Que queres para mim

Quero o sorriso de nossa face

Nego-lhes ser um objeto de exploração

Objeto de satisfação
Nossas faces!

Mastiguei seus sussurros

Calei meus versos
Calei minhas palavras
Calei-me o amor


Rio de Janeiro, 29/11/2014
Edgar de C. Santana

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Rimas
Com o que acontecia
Mas não tanto
Quanto a poesia
Que em ti nascia
Nasceu...
O meu riso não é falso
Uma singela ironia
Para uma alegria fingida
Para os que esconderam
A vista,
Se omitiram,
Na minha agonia.
O riso fingido
É apenas um riso
Para sua figura esquiva.
Não é somente a ti
Que dedico está poesia.
                            Rio de Janeiro,                           14/11/2014
                   Edgar de C. Santana

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Parte I

Despedaçaste-me como uma flor imunda
Calaste-me com tua arma suja
Devoraste-me com sua estupidez cruel
Repreenda-me quando quanto como
E onde quiseres

Deixaste-me largado humana
Deixaste-me moribundo frio
Deixaste-me fingir teu abrigo
Ou deixe-me apenas
Como sempre faz

Deixe nus que assim sobreviveremos
Não precisemos
De homens sedentos
Querendo ordem ao nosso caos

A força entrópica de minha morte
Está na tua voz minguante quando chama ordem

Essa força que fere e arranca
Onde até amor é violento

Rejeito tuas morais
Galgados nos milênios marcados por Moisés
Onde um cristo crucificado
Serve mais aos seus pastores
Do que ao um riso de amor libertado
Não me digam o triste ditado
Ordem e Progresso
Nem com atos militados
Forjados a indústria bélica

Choro mais pelo amor
De um filho negado
Ao rancor nas tuas línguas
Marcado


Não me volte ao passado
Nossos corações andam
Destruídos demais
Inclusive por uma historieta
Escrita em cinco atos

Nossos corações andam destruídos demais
E não reconstruiremos
Tampouco consertaremos
Ao novo busquemos!

O passado,
Cheio de repressões em ditatoriais
Guarda-se e marca-se de Deidades em Deidades
Em nenhuma delas fez deixar de sofrer
Corações despedaçados

Não me falem de eternidades
Ao que morreu certa vez voltou e disse:
  -Não há eternidade!
E depois morreu pela eternidade!
De eterna, já nos basta a morte!
Se dirá os que se dizem Majestades.

Eu estou vivo, eis o que me importa!
Não me traga teu conceito de humano bélico
Pois de sintético nossos braços
São alimentados
De transmissões de TV e ondas de rádio

Não me corrijam o português
Nem a rima
Como poesia: Sou fluxo...

Despedaça-me,
Sou uma pétala moribunda
Que grita e grita e grita
E não tem o peito acalentado
Que sonambulado cansado
Enriquece teu sorriso esboçado

Mas o teu sorriso, esboçado
Bate diante do meu, que luta
Não me perco
És tu que me perdes
Quando cansas deste amor
Violento por ti acostumado
Dele, nos libertemos!

Por que ao choro dos inocentes
O amor e a justiça são culpados
Quando chamados
Se mostram ausentes

Despedaça-me como fazes com flor
Larga-me como uma moribunda
Deixe-me dormir no sofá
Ou numa esquina longe da tua calçada
Onde podes me ver e saber que estou perto
E depois armado você...
Eu mal amado...

Disse-me  a Astrologia
Que eu era possessivo
Eis minha possessividade
Uma par de calçados furados!

Deixe-me longe,
Mas não terei filhos
Aos filhos alheios tenho caminhado
Assim eu faço

Tu tens filhos e não os ama, de fato
Enquanto lutamos por um mundo sustentado
De modo sustentável
Tu pensas numa herança que só a ti agrada
Ao teu filho
Aos herdeiros
Nem todo ouro poderá ser contado
De fato

Não preciso clamar piedade no templo Eldorado
Para saber que amanhã vem o amanhã
Não me interessam as chamas Kármicas

A mim, meus caros
Estarei só
Ciente
Conceito de Eldorado
Ao pobre inventado

A tristeza que me acompanha
Amanhã comigo acorda
Pelo dia comigo trabalha
E novamente me plagio
Abriu uma segunda vez
A caixa dos males Pandora
E viu-se nela vazio
Pois a esperança partiu mundo a fora

Amanhã continua a luta
A este vão execício de escrever poesia
Em nossos corações
O vazio um pouco preenchido
Não com esperança
Mas com labuta

Vislumbro sonhos
E ainda um amor e um filho
Sou apenas um trabalhador

Despedaçaste-me como uma flor
Esqueceste-me ao relento
Largaste-me de qualquer modo
Em qualquer esquina
Oh! Ausentes justiça e amor

Como Poesia: Sou fluxo...

Rio de Janeiro, 04/11/2014
Edgar de C. Santana