terça-feira, 26 de junho de 2018

Antes eu escrevia poesias
Mas nem toda palavra
Da boca alheia
Germina
Queima
Então, folhas secas
De uma terra dura
Deixa ao vento
O verso esquecido
Nada mais se faz
Com a poesia
Um rapaz escolheu o lado do muro
Ao descer, perdeu
A vista dos Campos
Eu escrevia poesia
Pelas praças bares calçadas
A poesia do dia a dia eu queria
Eu tive
Eu conquistei
Eu escrevia poesia
Sobre os males do mundo e da alma
Escrevia diante do romantismo
Das paixões juvenis
Escrevia simbora sem saber o que queria
Roubando e plagiando versos
De poetas esquecidos
Eu era noite e meu corpo iluminava-te com um céu estrelas
Ou trazia-lhe nuvens
E lhes deixava sonhar ao som da chuva
Pobre poeta
A palavra dos lábios alheios
Não queimam os papéis
Mas como a brasa do nosso cigarro
Queima a poesia...
Deixa pra lá
Deixe-a esquecida
Fantasmas do passado
Controlaram quase tudo
Quase
Na seca e desértica terra não se brotam flores
Mas Cacto
Uns ele machuca
Outros mata sede
Da terra da inspiração
A poesia não é flor
Mas cacto
Nunca vi...
E alguém já viu alguma flor nascer do cacto?