quarta-feira, 25 de junho de 2014

Avanços
Acabamos
Abraçados
Amamos
Amamos andamos
Abismos avise-nos
Avisem avistam A vista visita
Sobrados de mim
Pequenos fatos ferros
Fetos sonhos não voltam
Foram se
Foice para algum lado
Obrigado
Não há parado
Só os amargos Amardos e armados.


Rio de Janeiro. 25/06/2014
Edgar de C. Santana

CONSERTANDO


Eu fazia o que meu líder mandava, não tinha muito que questionar, sequer sabia o que deveria ou não ser questionado. E eu com o bando liderado, em pouco tempo “tocávamos o terror”. Ele mandava tudo, primeiro eu vi, e de ver em ver agente se acostuma até fazer com que os outros também vejam o que eu fazia.
Na época não era muita coisa, pegamos um moleque que roubava gás, depois de uns tapas bem dados na cara o deixamos ir. E não é que o moleque teimou em fazer de novo! Dessa vez, sem pena, foi a primeira vez que vi um sujeito levar uns bons tiros na cara “esse não rouba mais”, era o que diziam.
E aí as coisas começaram a valer, qualquer motivo era um desculpa para fazermos a justiça que quiséssemos; uma justiça que só servia para punir e uma lei que nos garantisse a nossa liberdade.
Não tinha muita gente que era contra, nem estado nem cidadão, uns gozavam com a nossa ordem, nosso jeito de fazer as coisas, e outros, quando retrucavam, agente enchia de bala na cara, quando não pegava o sujeito, arranjava logo um culpado, negócio feito.
Nosso líder só mandava. Nosso líder não o era por ter sido questionado, pelo contrário, nosso líder o era por não ser questionado. Uns tinham medo de questioná-lo, um passa a frente da ignorância, quem tem medo não ignora.
Cada um abre sua mente de um jeito complexo e meio difícil de entender. Eu conheci certa vez um cara que de tanto ler poesias num poste sentiu que alguma coisa estava errada consigo próprio, outro observando artistas na rua; Outro que belo dia recebeu uma flor de seu filho, enfim, uma conversa que tivera com alguém num momento mais sensível, essas coisas.
Comigo aconteceu quando, depois de muitas vítimas, um corpo me chamou atenção, o corpo caiu no chão como quem implorava não ser morto, e enquanto todos seguiam eu chorei abraçado àquele corpo, “viva, por favor” eu repetia como se essas palavras objetivassem a dor que doía em mim.
Depois de um tempo agarrado e chorando, chegaram pessoas falando de acalento, de Deus, de vida e nuvens que passam, eu saí dali, eu corri disso tudo, vivi em minha tristeza, dia a dia, completamente só.
Pensei em descarregar meu revólver contra mim, e me perguntei, “por quê contra os outros é mas fácil?” “Será que sou o único” Depois eu soube que não, como vocês leram conheci outras histórias, que me lembrava muito do que minha coroa dizia “Jô meu filho, você não está sozinho”
Em parte passei a ser meu próprio líder, ainda com minhas dificuldades, principalmente quando encontro com a herança dos meus atos em outras pessoas, meus atos se repetindo mesmo tendo vivido com a vergonha o com a perda de uma pessoa querida.  Meus atos chegam até eles, como um dia houvera chegado em mim.

Não sei o que farei depois, agora estou aprendendo a me consertar.

Rio de Janeiro, 25/06/2014.
Edgar de C. Santana



terça-feira, 24 de junho de 2014

As vezes penso que são os cabelos!

As vezes penso que são os seus cabelos. As vezes penso que os cabelos de uma mulher são chaves para seus mistérios. Cada corte um momento na estrada, ou uma longa estrada com seus momentos vastos. Quando teus cabelos eram curtos, era uma outra história, uma outra paixão e os sentimentos que nos embriagam e nos deixam em conversa na madruga, nossos fluxos sentimentais venciam facilmente o sono.
De repente deixa-se o cabelo crescer, pressentindo uma mudança gradual, misturado com a preguiça de levantar no dia seguinte. Mas como se não houvesse um nada anteriormente, uma bomba explode, o passado longínquo, sempre presente em nossas vidas vem a tona, grita, anseia, e quando podemos, numa atitude sincera e de confiança, o recitamos com choro numa tarde qualquer, um choro que pesa, que só pode ser dito numa tarde, um choro que não se encerra na madrugada.
Nenhuma mulher se resume nos seus cabelos, nem na falta dos mesmos, não podemos resumir toda a história de vida em representações, e nenhuma certeza tiramos das representações... mas na maioria das vezes não precisamos de certezas. mas de representações!
E quantas representações sobrevém dos cabelos da mulher! há beleza em todos os cortes, há beleza na ausência de cabelos, há beleza na sua simplicidade e na sua vaidade! Mas os cortes se abrem novamente, cortes do passado... os cabelos de mulher!

Rio de Janeiro, 24/06/2014
Edgar de C. Santana

sábado, 21 de junho de 2014

O amor não arromba portas
Ele entra quando
Elas estão Abertas
Espero pelo amor,
Não pelo Amor que está em mim
Mas pelo que pode ser compartilhado.
Todo amor precisa
De ser posto pra fora
Em demasia
Anseia por liberdade,
E as vezes, quando reprimido,
Vira amargura.

Rio de Janeiro, 22/06/2014
Edgar de C. Santana

Cabeça na grade

Na cela ele anda,
Bate com a cabeça na grade
Louco pela liberdade.
Ele sabe
Que com os outros
Pode se pensar livre

Rio de Janeiro, 22/06/2014
Edgar de C. Santana
Podemos andar, amar e acreditar. Podemos ser loucos, mas não podemos ser sozinho. A liberdade é alcançada no nosso relacionamento com o outro. O egocêntrico não esta liberto, mas preso a sua condição de ser somente em si.

Rio de Janeiro, 22/06/2014
Edgar de C. Santana

Professor



Na labuta na peleja
Se vamos às ruas
Vamos ensinar lutas

Se vamos a escola
Vamos levar esperanças
Como alguns
Não as tiveram quando crianças

Ossos do ofício meu irmão

Tem mais gente querendo
Ser contraventor que professor
Encher o bolso
E gastar em baixo dos braços do redentor

Pelas ilusões que construímos no dia a dia

Aquele que fora chamado de louco
Quando escolhera o abandonado espaço escolar
Para criar sonhos
Ou fazê-los realizar
Hoje são corpos arrastados pelo asfalto
Pelas mentiras dos negócios
E das aulas mercadorias!
Rio de Janeiro, 21/06/2012.
Edgar de C. Santana

quinta-feira, 19 de junho de 2014

De favor

Favor
Favorecido despedido
Num mundo ruído
Ouço despercebido
Uma sensação sem sentido

Suporto pra dentro
Tua fumaça amarga
Minhas cinzas caem
Na calçada
Passo pouso vou
Norte sul rumo morada
Favor me fala
Calada onde devia estar
Não estou

Me expulsa o olhar
Me repulsa puro voar
Não ha ninho nem outro lugar
Só um outro Porto

E depois navegar

Rio de Janeiro, 19/06/2014
Edgar de C. Santana

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Flores rumos

Diz que olhas em outras feições 
Em outros rumos noites 
Nortes e paixões 
Onde pode o mundo 
Longe onde foges 
Flores rumos oriente 
De medo não me encontro. 
Brusco onde procuro 
Olhar que me aquém 
Me aqueça 
Nas falhas falas braços 
Indiferentes aos teus 
Logo louco meu amor é pouco 
Sejam poucos quantos 
Forem os teus beijos 
Em algum lugar Onde fui e fomos esquecidos 
Em teus olhos nosso aflorar
 Nosso correr nosso amar 
Já não lhe é reconhecido

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Coxinhas e café com leite

Eu grito Eu grito Eu xingo Me esqueço Do que sou, Como eu quero Meu grito pelas janelas Não é um qualquer É uma força e um amor E uma dor que quer sair, Desabar, desaguar, E seja como for Vou gritar até fim, Comendo coxinhas E café com leite. Se você não entende, Desculpe, O tempo passou, Secou, tudo secou, Mas meu riso luta!

domingo, 8 de junho de 2014

O amor na porta de nossas casas,
Que não nos deixa morrer na ilusão
Ser só,
Numa última estrada?

Onde todos os sonhos se desfazem,
Pelo que não se apresenta mas como verdade
Mas como verdades
Opções e porções de verdade

Em nossas retinas.

E o amor que bate em nossas portas,
E chama e quer entrar
E que quer invadir

E quer nos acalmar e nos deixar loucos
De tanto amar,

E serve assim minha poesia a abrir olhos?
E serve assim esses versos desafinados a desiludir?

E serve-nos de uma paradoxo qualquer?


Rio de Janeiro, 08/06/2014.
Edgar de C. Santana
Gota a Gota,
Cai lágrima, deixa cair,
Cada uma guarda
Uma parte de cada sonho.

Deixa cair,
Um filho na cabeça de um pai,
Um sonho qualquer
Desses que passam por nós

Envolto e protegido num sonho,
Envolto e lutando e crescendo
Primeiros meses de muitos anos de luta

Primeiros meses semeando não o amor
Mas a expectativa de amar
Cada suor, cada trabalho,
Cada calçada varrida

Para que em chão limpos
O sonho possa engatinhar.

Rio de Janeiro, 08/06/2014
Edgar de C. Santana



O úmido
O suco,
Pelo ser que se espalha em mim
De fora pra dentro.

O ser que se espalha em mim,
Pelo líquido,
Pelo sopro de amor
Pelo sopro do rejeito

Pelos túneis esquecidos,
Do que não é alma.

A alma vem depois
Depois ela cai,
Meio sem querer,
Em nossas cabeças

De algumas estrelas que olhamos
Quando ganhamos tempo,
Ou de uma lágrima
Do Sonho de um pai.

Ela vêm com uma chuva,
Gota a gota,
Não pode haver mais de uma gota
Para que não afogue.

E depois vem nos querer fazer sorrir...

Rio de Janeiro, 08/06/2014
Edgar de C. Santana