segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Deixo para os meus sonhos
Que voam onde quer que estejas
Acreditar na chama
Que possa ao acordar
Sair da cama
E nesta estrada ainda
Que faça lida
Encontrar-lhe em meus braços perdida

Ainda que me possam negar
E cantar e dizer
Que todo amor na vida
Fora perdida
Enquanto houver ainda
Teu olhar correndo sobre meu corpo
Haverá uma singela esperança
De dizer – Nos amamos

E pelo fim que não esperamos
E pela chegada noite soturna
Quando ainda teus seios
Possam a fome e a alma acalentar
Que não fiquem vazios
Nem a nossa liberdade
Nem a nossa sede de amar



Rio de Janeiro, 29/12/2014
Edgar de C. Santana

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Palas Desiludidas



I

Quem sabe eu cante
Seguindo a vida,
Sobre seu olhar dance
Em seus braços perdida

Quem sabe eu olhe
A lua e a veja bonita
E dela me encante
E lhes jogue a alma em cima

De sonhar e ser vivida
Não mais que uma cruzada
Deixar meu o amor e ser beijada

Mas volto pra casa recaída
No fundo a dor se fez morada
Amargurada em uma pétala desiludida
Rio de Janeiro, 24/12/2014

Maria Catarina

domingo, 14 de dezembro de 2014

SOL DE BRINQUEDOS



Estava a velha a fiar
Estava uma história a contar
Estava a ser Fotografada

Contive a quem cantava
Uma Lágrima pedinte
A Ser chorada
Numa manhã seguinte
No sono disfarçada
Para depois ser lançada
Em breves sorrisos
De uma tristeza superada

O que não nos faz
Na infância dos Desejos
Um sol sobre brinquedos?

Rio de Janeiro, 14/12/2014

Edgar de C. Santana

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

APENAS SIGA

Ela gritava dentro de si enquanto preenchia a face alheia de risos, enquanto se fazia piada. Ela praticamente morria. Cada um no seu mundo, enquanto o nosso mundo em chamas ardia sobre suas falas reclamonas “mas essas pessoas precisam tanto de alguém?” “Reclamam, mas diante do bicho se omitem” “Que medo é este do Bicho Papão” e uma voz lhes respondia na consciência:

 - Querem se manter ali onde estão
 - E por que não mudam – Ela se perguntava
 - Mudar não é fácil, preferem que “mudem por nós” e “nos mudem também”

 E depois silenciava, cada vez que se aprofundava no nós, se aprofundava em si, cada vez mais a posição dos outros lhe eram complexas, a quem amara agora lhe era contrário, e cada vez mais em sua solidão entrara.
Belo dia se deu ao trabalho de se unir aos corpos, vieram lhe beijos longos que ela amara num raio de segundo, e depois, em algum canto se sentira abandonada.
Mas por belos dias os corpos lhe eram bem vindos, alguns não demonstravam a mutilação dos seus corações nas presas, outros, lhe eram expressivos.
Há os corpos que ela se importara mais, e outros menos.
Era meio puta e santa e amava a isso tudo.
Mas belo dia, alguém lhe viera, e se combinara, num filho, e depois viu-se largada com um filho na barriga... seu coração conflitava entre auto mutilação e esperança.
“Estive completamente só por anos, carregando fardos pesados, e me vem um que de tão pesado me trata com leveza?”
E a voz lhe dizia:

 - Filho e trabalho
-  Meu filho é o melhor dos meus trabalhos
 - Sim, mas como vai sustenta-lo com toda essa energia?
 - Sou mulher! Mãe! E não será por isso que serei uma serva, uma escrava, não venderei a minha vida e a vida do meu filho numa bandeja

Ah! Mas o amor alheio somente na cabeça e nas palavras é meio amor, e pouco foi o amor que desabrochou em ato, em certos casos, valeram-lhe mais o canto dos ventos nas folhas das árvores conversando com seus sentidos a magnitude das ondas a preguiça das manhãs cinzas ou o canto de um pássaro lá longe, do que aquilo que estava na mente das pessoas
Derrubar uma vida sem sentido é difícil, uma carregada de um amor no útero e outro com os pés no chão se torna praticamente impossível “Não, um sentimento qualquer não abala”
A tal voz retornava:

 - Os sentimentos podem ser a coisa mais maravilhosa do mundo mas a pior delas
 - Isso é óbvio para que eu pense assim

“Mas meus dias passaram, vieram outros corpos, aprendi abandoná-los como aprendi a ser abandonada, não me importa, existe uma vida que cresceu e agora caminha, e seus olhinhos me fitam e são doces, oh! Como é maravilhosa a vida, e como tais olhinhos são amados, são férteis, guiam em parte os meus”
E ela deixou-se levar pelo fluxo do dia a dia, na luta contra a servidão imposta, que queriam lhe fazer engolir como uma condição natural da vida, fora traída por vezes nessa luta, surpreendida pelas omissões alheias, mas tudo valia a pena quando a noite encontrava sua menina crescida.
“Nem mesmo a violência dos furacões a energia cinética dos maremotos ou mesmo uma guerra maldita não nos pegam com tamanha surpresa e nos deixam um vazio vasto quando alguém que amamos se desfaz, pétala a pétala, sorvendo gota a gota de nossas lágrimas vorazes. Amar a si mesmo, amar a nós, não deixa de existir, mas muda!”
Então aquela menina que um dia carregara em seu útero, numa doença súbita fora levada há um ponto tão triste que se torna covardia um artista tentar descrever, nesta hora é melhor mudar o foco da câmera. E a voz lhe dizia:

 - A pedra cai sobre seus ombros
 - O que faço?
 - O que lhe liga aos outros?

“Uma vida qualquer, sem sentindo, moribunda a minha, que busca em si e nos outros um sentindo, ah! Quantas perdas, vale a pena toda uma guerra só para se ter o status de vencida? Vale a pena dizer que venceu diante de tantas tragédias sobre o cano de uma arma quente? E quando o absurdo chega a pontos extremos, o que fazer? Busquei lhes de volta, amor, perdoe, não me abandone mais.”

E uma voz tímida, quase inaudível, abalada e sem força, lhe dizia em forma de conceito consciência:

 - Apenas Siga!

Rio de Janeiro, 11/12/2014
Maria Catarina



quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Deixa pra lá

Sonhos de sonhadores
Sonhos de Crianças
Caixinhas de sonhos
Devoradores lobos insanos
Pessoas complicadas
Rotinas difíceis
Amor na cabeça
Amor nas palavras
Ato vazios

Caçados
Esquecidos
Calados
Desprezados

Abraço de mãe
Beijo de filho
Criança no colo
Água no copo
Sede insaciável

Denúncia
Meias verdades
Intolerância
Impaciência

Rios de fortuna
Rios de riso
Rios para onde vai?

Deixarei de escrever versos?

Deixarei de lado os poemas
Deixarei isso um dia
Um presente ao passado

Sonhei
Criança
Caixinhas

Deixarei os versos
Agora!
Rio de Janeiro, 10/12/2014
Edgar de C. Santana


Interessante quando encontrei um cartaz que dizia: procura-se sonhadores.


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Guardarei sobre sigilo
Em formas de poesias
E escritos herméticos
A tarde que a dor fenece
O brilho do mais novo apogeu
Acabou
Começou
Assim foi a fonte
De uma prosa sem sentido
Que alguém sabe
O que hermético está
O mistério se encontra
Onde bate o seu peito
A chave é justamente sabermos
Onde bate no peito
Se é coração
Se é mente
Se é corpo
Ou todos
Falta pouco
E direi adeus
A minha imagem
No teu espelho refletido
Mas um pouco
E estaremos,
Como amantes e como Segredos
Livres disso tudo
Enfim!
Rio de Janeiro, 08/12/2014
Edgar de C. Santana
Esqueça a métrica
Eu desafinado
Sem rima réplica
Do inacabado


Outros beijos
De outros países
Aqui, almejos
Sonhos matizes

Se abrem a um mundo novo
Sem esperança
Deixa pra lá

Escrevo um outro
Um passo na dança
E outro no olhar

Um dia a dia amar

Na próxima
Tento um soneto
Quem sabe uma rima
Prometo!

Rio de Janeiro, 08/12/2014
Edgar de C.Santana




Surdos

Vai vai vai,
Não há vagas não há vagas não há vagas
Não precisa se esconder
Calma Calma Calma
A verdade nem machuca tanto assim
Você pode fazer coisas maravilhosas
E você vai querer que todo mundo saiba
Mas a noite, na solicitude
Por mais que você tente
A consciência pesa
Eu não sabia que você estava doente
Mas eu não vou curar seus males

Esconda as suas fotos
Nas gavetas do armário do coração amigo
Use meu tranquilizante
Superei seus crimes
Sem precisar de usar os joelhos
E crer numa Deidade evangélica espírita católica pagã

Esconda suas mentiras
Diga foda-se despreze
Tudo é muito simples

Mas acontece que alguma coisa
Formiga no estomago

Eu sei o que sou
Se me dói foda-se, esqueço e durmo
Mas uma hora volta
E não olharei mas em seus olhos
Esse vazio, eu não me arrependendo dele

Larguei uma vida na vida
Deixei-a solta
Desprendida,

Acreditei que pudesse fica tudo bem
Mas comigo
De verdade
Não dou a minima importância

Ele era um garoto sensível
Contou toda sua história
E disse-lhe tudo
Pena
Eu surda!

Rio de Janeiro, 08/12/2014
Edgar de C. Santana






sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Um amor a de chegar
E nos fazer levantar
Na manhã chuvosa
Revelando sua face gloriosa

Por hora, ficam lágrimas
Numa esperança ardente
De Auroras e pétalas
Para nosso peito cadente

Quem sabe
Quando a flor aparecer
Nos cale
Um pouco a dor
E nos faça rever

Que se o amor é
Universal como querem dizer,
Acima dos homens
Como almejamos
A ele não chegaremos
Porém
A nós ele virá

Por outro lado
Se das nossas relações ele cresce
Se tão importante assim ele é
Então veremos que não somos
Nada sem olhar alheio
E que Ele assim seja feito
De lágrimas
De cuidados
De risos
De pétalas

Rio de janeiro, 05/12/2014.

Edgar de C. Santana