domingo, 13 de setembro de 2020

 A memória o nome dá, e talvez o sorriso que achava esquecido

Presente esteve

No teu cariz

Esse mesmo que vêm de heranças passadas


O que um traço

Uma linha 

Uma curva

Tem do tempo que não vivemos?


O que o teu sorriso

Traz no presente

Vivências de outras épocas?

Perguntas tão amplas

Mas que nas letras

Que escrevem a poesia

No teu nome

Faz o retrato 

Do que acontecemos

Em outras horas


Ah, o sorriso e o nome

Duas Chaves que abriram

Nosso futuro

Para que hoje

A gente reconte a nossa história


Carsan

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Mas o preconceito nos separa

 O preconceito divide, me separa, me cala, me omite, me persegue, me pune, me destrói... Hoje entendo o porquê dos medos, me escondia, evitando, esquivando... O preconceito!  Minha identidade continua abalada, em crise desde não sei quando. Minha identidade continua separada, em crise. Seu nome Europeu, mas qual teria sido o meu não Europeu? Não consigo! não encontro referência... Minha identidade está esfacelada!  Eu rio, sim, eu rio, afinal, meu riso luta...


Não me esqueço, também preciso que me cuidem... Sozinho eu não consigo, não despreze, não se esqueça, sozinho ninguém consegue... É que coletivamente é mais gostoso. A cigarra canta... Promete sol... Corpo suado... Meu riso luta...

Rio de Janeiro, 20/12/2019.

Mas o preconceito nos separa

 Como seria bom se aprendesse toda linguagem negada na formação juvenil! Eu usaria cores tais, te pintaria, te desenharia, versos tão metricamente perfeitos, músicas! Nossa! Eu teria criado canções lindas para ti, para todos os amores que vivi, para todos os amigos. Ah! se todo esse acesso fosse universal, ah! Se eu tivesse tido. Seria lindo. Seríamos um pouco iguais; Acesso negado! Senha! Privilégio! Eu não pertenço à uma Capital por que fazem da perifa uma sobra... uma puxadinho... Eu estou imaginando um viver! Não o que teria sido, mas, principalmente o que poderia ser! É completamente diferente do hoje vou fazer, afinal, para certas coisas se faz necessário viver... Saboreá-las. e eu não pude... O homem branco sim... Esse modelo que se apropria dos símbolos, os transfigura, e os funde em modelos de macho na superfície dos símbolos...

Mas o preconceito nos separa

 Sociedade de classes! Mas vivemos e nela buscamos ascender. Vamos às Universidades e eles as privatizam, Vamos longe aos empregos e eles engarrafam, subimos de cargos e eles fecham as empresas; mudam leis quando as exigimos; silenciam nossas vozes com metralhas e balas de borracha; a caridade de vocês esconde o extermínio das nossas sementes, da nossa forma de tentar viver; romantizam nossos sofrimentos...  Buscava a tal da ascensão social, mas então eu fui traído, a minha classe é dos traídos, dos invisibilizados, dos marginalizados... E você, com a sua cor e classe traiu...

O preconceito nos separa, nos divide, nos afasta, nos rege. O predomínio do homem branco capital, presente nas mentalidades esse macho tem seu lugar, um espaço urbano perto de tudo.

Mas o preconceito nos separa

 Mas o preconceito nos separa. O teu morro é um reduto, um lugar especial, com casas grandes, arejadas, bem muradas, garagem para mais de um carro, jardins lindos e floridos. É incomum sabe? Eu sou pobre, sempre fui pobre, nascido na baixada, mudando para zona oeste, andando pra lá e pra cá, sempre com aqueles sapatos furados. Vivi quase uma vida inteira para um dia saber o que era uma geleia de morango.

Eu realmente nunca soube conversar com quem tivesse uma situação economicamente boa: Viajaremos para onde? Compraremos o que? Um ar condicionado, Pneus novos para o carro, Roupa de frio, de calor, de natal e de ano novo, e nele, o que faremos? Que árvore bonita, que areia, que praia, que lugar no fim do Brasil, que cidade, que estado... Uma coisa é escolher outra é sonhar. Uma é imaginar, outra é poder. Não saberia conversar e decidir sobre...

Mas o preconceito nos separa

 Eu não sabia lhe convencer a me olhar, me cuidar...  A minha identidade sempre esteve em crise, sempre! a crise de identidade nunca se afastou... Identidade roubada! Como lhe mostrar seu preconceito, se nem você me veria como herdeiro da noite? O trem não é nada demais, mas sua bunda não doía por querer sentar...


Mas o preconceito nos separa. Eu sempre achei que o problema estava comigo. Eu nunca fui bonito demais, eu nunca trabalhei bem demais, eu nunca me esforcei bem demais, eu não escrevia bonito demais. Nessa conjuntura, negros jamais seriam bonitos demais, trabalhadores demais, escravizados e chamados de vagabundos e vagabundas. Desculpe, estou chorando, eu não escrevo bem demais, e não consigo colocar pra fora.

domingo, 6 de setembro de 2020

Mas o preconceito nos separa

 O corpo suado! Retorno por que a cigarra canta e me promete calor e sol.


Retorno por que esse esquisito diário digital serve como uma forma a mais de registro.

Retorno por que o mundo dá voltas, como parte do conjunto que nos mantém vivos! Esses dias, a escuridão misturava-se com as nuvens, com as estrelas, com uma lua cheia, e eu chorei; Lembrei da gente com alegria. Vi com meus próprios olhos que a terra não é Plana!

Retorno por que o preconceito nos afasta.

Mas o preconceito nos separa. Quase tudo que foi feito para a perifa eu tenho em mim, e eu sempre tive em mim o que ela me fizera.

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