domingo, 13 de outubro de 2013

Vamos,
Temos coisas a levar ainda
Vamos vamos
Vem chegando a madrugada
Através das asas dos meus olhos

Dou-me por vencido
Mas não guardo sono
Tenho a esta hora da noite
Tantas vontades
Como se fosse uma última noite

É apenas um fim de noite

Não é uma vontade do que não realizei
mas uma vontade do que não pude realizar ao longo do dia

Vamos

O que estou fazendo?

Escrevendo versos,
Nos colocando neles...


Foi assim, vendo as máquinas nas fábricas de corpos, assistindo pela tv a produção em escala de enlatados de cérebros, que me tornei hermético, não por uma necessidade, mas por uma escolha social; foi assim que fomos a Alemanha, antes do Hitler... e vi alguma crianças brasileiras dizendo: alemanhã alemanhã, elas estavam tão sujas e eram tão mendigas...
foi assim que vi o prazer que dá os homens serem enfurnados em seus casulos, foi assim que vi o prazer que quem acredita em Deuses de outros planetas, e assim, tive o privilégio de não precisar de assistir, alguns homens cantando e escondendo dos versos.
Escolho o que quero, dou-lhe o vão exercício dos juízos de valor, não acredito na paz, não precisei de nascer na época tal, para viver duas guerras mundiais... num dito muito comum, sou um anão nos ombros de um gigante... sou um anão!
Não me venha dizer em calmaria, não me venha falar de paz, de caridade, a minha melancolia reflete tudo isto em direção a o sol, para ouvir com um pouco mais de maldade a simplicidade com que se escuta um samba, e como os dedos nos acordes do violão sambam... penso que aí, nascem outros dedos, novos dedos, em cada tom... é preciso ter muito maldade, um inferno de maldade (e que palavra mais ridícula esta, e como a uso, e como quero afastá-la de mim) para se enxergar a beleza de uma flor.
É preciso muito mais que apenas olhinhos inocentes, para ver enxergar a beleza das pétalas... e é preciso, um inferno de bondade, para arrancá-la com dedos estáticos e enfeitar a cara da pessoa querida... ora? Os corpos fedem quando morrem, para que disfarçar o cheiro dos mortos?
Amo-te, amo te por me compreender, ou por ter medo de mim, amo-te pelo teu amoralismo e pelo que chama de boa coisa moral, amo-te por escolher a profundeza ou a superfície, por achar estranho, ou por não pensar em nada, amo-te por ler...e por pouco importar se me amas ou não... não há fuga de si próprio! Amo-te com as burrices do meu português neste ou em qualquer outro que venha parir! Amo-te, não pelo o que és... mas pelo que sou!
Volta,
fica,
vai

foda-se

grita
corra 
morra

deixe a loucura de lado
deixa pra lá
caga e anda
cagando e andando
seguindo a canção

Braços cortados
Silêncio! Silêncio

Volta,
morra
se mata

e nasça de novo

Abra a porta do teu óvulo
ou limpe teu útero

brigue
meta a porrada e apanha

Eu tenho é vontade de dar porrada 
muita porrada

e se possível
tomar porrada na cara

para, adianta, dá um jeito
se foda de tanto pensar
morra  de tanto pensar

"Joãozinho foi na casa de Marieta
ela não estava
O pai não estava
a mãe não estava
onde era casa agora é rua
onde era liberdade
agora é nua

vá cresça
capital agora se acha comuna
e comuna hoje se acha consuma

joãozinho,
cresceu
faz agora o que o patrão manda
faz das mãos os pés
no cafezinho dá uns berros

Joãozinho se esqueceu de Marieta

joãozinho se esqueceu
Mete a porrada dizia sua vó
Mete a porrada
agora

depois, mais tarde
é foda-se,
é cagando e andando
é gaga ficando

depois, na bolsinha
na camisa xadrêz
Depois
o dedo quebra

já era, só tem cara de chumbo."