sexta-feira, 14 de junho de 2013

O EMPREGO DOS SONHOS E A FELICIDADE

Não venho de uma classe social privilegiada com acesso á informação, cultura, educação e saúde. Não possuo, e nem me norteio por um emprego dos sonhos, que a maioria, certamente em algum ponto da sua existência visualizou ou visualizará.
Para meus irmãos, para meus conhecidos, para o lugar que vivi o emprego dos sonhos não é o de escriturário do Banco do Brasil ou alto posto nas  forças armadas, na verdade o amargo sonho é de não ter quem indique a uma vaga na Petrobrás, por pensarem que o petróleo irá tirar o Brasil da miséria, da fome, e incluirá o Brasil no rol dos países desenvolvidos, e que poderia fazê-los ascenderem á uma classe social, uma ascensão que não se concretizou, e que eu nunca acreditei que se concretizaria.
Hoje, vejo-nos como esquecidos da humanidade, altamente dependentes de uma máquina burocrática falida, todas as minhas raízes sucumbidas a fios ópticos magnéticos, ao um ciberespaço virtualmente ilimitado, mais que em parte, do uso que lhes é feito, podemos medir o cumprimento da parede, através de um bate-papo qualquer, nos intervalos, ou no show de um artista popular.
Entretanto, não me vejo como utopista, como um louco, por não sonhar o emprego dos sonhos, por que o meu emprego dos sonhos, faz com que outros mil vivam num pesadelo sem fim, por que emprego dos sonhos não é um sonho, é uma mentira, sonhar em ser um consumidor potencial não me traz a felicidade, e a felicidade, ela só pode ser construída coletivamente, de uma fraternidade entre os indivíduos, enxergando suas próprias deficiências sociais. A felicidade individual é uma anestesia, existem os que se sentem realizados, e realizaram mais do que outros, no entanto, que indivíduo pode se dizer mais feliz que o outro?
Desta forma, o que me norteia, é a possibilidade de um dia ter condições de participar socialmente além de fios ópticos magnéticos, pois simplesmente, a máquina tecnocrática me impossibilita de estar presente como muitos outros. De participar pela sociedade, por que apesar de toda a dificuldade de sorver um ínfimo de informação e de cultura, pude perceber que todos os indivíduos são fundamentais, e que a participação e atuação social de todos, é o que torna um lugar, um mundo, uma casa melhor para vivermos. Sei que começo me fazer valer de outros dispositivos, que tem como base, o voto, é claro, sei que começo a me libertar de temores e repressões ideológicas.
Por que a máquina de gerar temor impossibilita a mim e aos meus irmãos de participarmos socialmente, de nos sentirmos políticos, e não somente a quem elegemos como representantes de políticos, serem os políticos de fato; Uma subjetiva máquina nos induz a acreditar que não há apenas um olho que tudo vê, mas também uma pistola escondida, apontada para nossas cabeças.
Assim, não podemos ser felizes diante de toda uma repressão física e mental, que se perpetua por todas as classes, seja no anúncio da TV no ônibus, seja na impossibilidade de se discutir politicamente no lugar que vivemos.