terça-feira, 24 de março de 2015

Cabeça de Camurça II

    Rio de Janeiro
Edgar de C. Santana

    Crianças com ódio reproduzido, amores banidos do paraíso, sonhos caídos na aurora, risos em pétalas despedaçados. Uns dizem: Militares, tomem o poder! Digo: Professores tomem o poder! Outros dizem: Que ninguém nos tome o poder!
     Sentado, sua cadeira não é confortável para seus dedos que passeiam pelo touchscreen; ali, o pretinho estuda numa cadeira confortável, você troca de cadeiras quando pretinho sai, e agora seus dedos estão mais confortáveis, pretinho senta e para de estudar. A cadeira agora é sua, ninguém mais senta nela, é sua é sua é sua é sua! Desculpe, então eu sento e escrevo poesia, e logo logo vou levá-la para o mesmo lugar.  Você justifica  o roubo do policial em função do salário, eu praticamente passei fome e ainda passo na cidade maravilhosa, dias de fome e uma noite num quarto em solidão, o policial têm filhos, os seus colegas de trabalho ganham menos e não deram brinquedos nas mãos de crianças com ódio reproduzido ao meio dia no coração; 
     Um colega não precisou que fosse feito uma ameaça para que sentisse medo de morrer, ameaça dia a dia com corte de emprego, medo de sentir fome, qualquer coisa, quando nem mesmo houver medo de deus ou da perda de liberdade, os faça ter medo de fome... É estranho pensar que o medo de sofrer de morte nos deixe com medo de viver.
   Dormimos pouco ultimamente não é mesmo meu amor? Acordamos tristes e com sono, negamos fugir nas madrugadas, pelo contrário, buscamos um  ponto de descanso nesta realidade submersos. 
     Até logo, busco outras flores, tudo vai acontecer quando chegar o tempo de deus dizem os crentes... enquanto não chega, sairemos ilesos. CUIDADO! Homens querendo impor um tempo de deus todos querem impor tempo o chefe da sua empresa o líder discípulo de deidades o senhor de seu feudo chamado empresa homens impondo pulso impulso pulso ao ritmo do tempo dos homens querendo o seu tempo! 
    Vou em busca de algumas flores, em algumas manhãs, tenho acordado com uma sutil e estranha tristeza, desculpe, ainda há em mim também uma sutil e estranha forma de querer amar! só que paredes, por que ainda nos cercam os corações?

terça-feira, 3 de março de 2015

De uma terça feira qualquer

Rio de Janeiro, 03/03/2015.
Edgar de C. Santana
Enquanto todo mundo ri
Eu fico sério
Enquanto todo mundo é sério
Eu fico rindo
Cara a toa
Estrangeiros  em terra de cometa
Desafinados com ás suas cornetas
Deuses invisíveis
Heróis com cara de sapo
E beijos de amor negados
Mundinhos de surdos e mudos
Em uma reunião qualquer
Tudo é fácil para o povo
O Nego come ovo
Peixe frito é salmão
Tá errado meu irmão
Tá errado
Enquanto todo mundo ri
Eu fico sério
Todo mundo sério
Eu rio
No fluxo que me leva a chorar
Como naquela canção
De quando eu herói
Olhando em seus pratos
Numa reunião de uma terça feira qualquer.