sábado, 17 de outubro de 2020

Genocídio sobre bichos

Racismos 

De mentalidades Capitalista

As matas lutam 

Por libertação

Por isso eles tanto a detestam

A odeiam

A mata resiste

Por séculos a sua exploração

Por séculos

Nas leis de terras

E amarras da sua propriedade

A mata tem consciência 

Coletiva

Coisa

Que os carrascos da igualdade

Os que a tomam e tomam povos

Sobre leis favorecidas

Não têm

Tão se fudendo para

A nossa fome a nossa sede a nossa moradia...

Nossa, dos povos e das matas

Racistas do Caralho


Que as feiras e os mercados sejam nossas

Dos povos e das matas

domingo, 13 de setembro de 2020

 A memória o nome dá, e talvez o sorriso que achava esquecido

Presente esteve

No teu cariz

Esse mesmo que vêm de heranças passadas


O que um traço

Uma linha 

Uma curva

Tem do tempo que não vivemos?


O que o teu sorriso

Traz no presente

Vivências de outras épocas?

Perguntas tão amplas

Mas que nas letras

Que escrevem a poesia

No teu nome

Faz o retrato 

Do que acontecemos

Em outras horas


Ah, o sorriso e o nome

Duas Chaves que abriram

Nosso futuro

Para que hoje

A gente reconte a nossa história


Carsan

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Mas o preconceito nos separa

 O preconceito divide, me separa, me cala, me omite, me persegue, me pune, me destrói... Hoje entendo o porquê dos medos, me escondia, evitando, esquivando... O preconceito!  Minha identidade continua abalada, em crise desde não sei quando. Minha identidade continua separada, em crise. Seu nome Europeu, mas qual teria sido o meu não Europeu? Não consigo! não encontro referência... Minha identidade está esfacelada!  Eu rio, sim, eu rio, afinal, meu riso luta...


Não me esqueço, também preciso que me cuidem... Sozinho eu não consigo, não despreze, não se esqueça, sozinho ninguém consegue... É que coletivamente é mais gostoso. A cigarra canta... Promete sol... Corpo suado... Meu riso luta...

Rio de Janeiro, 20/12/2019.

Mas o preconceito nos separa

 Como seria bom se aprendesse toda linguagem negada na formação juvenil! Eu usaria cores tais, te pintaria, te desenharia, versos tão metricamente perfeitos, músicas! Nossa! Eu teria criado canções lindas para ti, para todos os amores que vivi, para todos os amigos. Ah! se todo esse acesso fosse universal, ah! Se eu tivesse tido. Seria lindo. Seríamos um pouco iguais; Acesso negado! Senha! Privilégio! Eu não pertenço à uma Capital por que fazem da perifa uma sobra... uma puxadinho... Eu estou imaginando um viver! Não o que teria sido, mas, principalmente o que poderia ser! É completamente diferente do hoje vou fazer, afinal, para certas coisas se faz necessário viver... Saboreá-las. e eu não pude... O homem branco sim... Esse modelo que se apropria dos símbolos, os transfigura, e os funde em modelos de macho na superfície dos símbolos...

Mas o preconceito nos separa

 Sociedade de classes! Mas vivemos e nela buscamos ascender. Vamos às Universidades e eles as privatizam, Vamos longe aos empregos e eles engarrafam, subimos de cargos e eles fecham as empresas; mudam leis quando as exigimos; silenciam nossas vozes com metralhas e balas de borracha; a caridade de vocês esconde o extermínio das nossas sementes, da nossa forma de tentar viver; romantizam nossos sofrimentos...  Buscava a tal da ascensão social, mas então eu fui traído, a minha classe é dos traídos, dos invisibilizados, dos marginalizados... E você, com a sua cor e classe traiu...

O preconceito nos separa, nos divide, nos afasta, nos rege. O predomínio do homem branco capital, presente nas mentalidades esse macho tem seu lugar, um espaço urbano perto de tudo.

Mas o preconceito nos separa

 Mas o preconceito nos separa. O teu morro é um reduto, um lugar especial, com casas grandes, arejadas, bem muradas, garagem para mais de um carro, jardins lindos e floridos. É incomum sabe? Eu sou pobre, sempre fui pobre, nascido na baixada, mudando para zona oeste, andando pra lá e pra cá, sempre com aqueles sapatos furados. Vivi quase uma vida inteira para um dia saber o que era uma geleia de morango.

Eu realmente nunca soube conversar com quem tivesse uma situação economicamente boa: Viajaremos para onde? Compraremos o que? Um ar condicionado, Pneus novos para o carro, Roupa de frio, de calor, de natal e de ano novo, e nele, o que faremos? Que árvore bonita, que areia, que praia, que lugar no fim do Brasil, que cidade, que estado... Uma coisa é escolher outra é sonhar. Uma é imaginar, outra é poder. Não saberia conversar e decidir sobre...

Mas o preconceito nos separa

 Eu não sabia lhe convencer a me olhar, me cuidar...  A minha identidade sempre esteve em crise, sempre! a crise de identidade nunca se afastou... Identidade roubada! Como lhe mostrar seu preconceito, se nem você me veria como herdeiro da noite? O trem não é nada demais, mas sua bunda não doía por querer sentar...


Mas o preconceito nos separa. Eu sempre achei que o problema estava comigo. Eu nunca fui bonito demais, eu nunca trabalhei bem demais, eu nunca me esforcei bem demais, eu não escrevia bonito demais. Nessa conjuntura, negros jamais seriam bonitos demais, trabalhadores demais, escravizados e chamados de vagabundos e vagabundas. Desculpe, estou chorando, eu não escrevo bem demais, e não consigo colocar pra fora.

domingo, 6 de setembro de 2020

Mas o preconceito nos separa

 O corpo suado! Retorno por que a cigarra canta e me promete calor e sol.


Retorno por que esse esquisito diário digital serve como uma forma a mais de registro.

Retorno por que o mundo dá voltas, como parte do conjunto que nos mantém vivos! Esses dias, a escuridão misturava-se com as nuvens, com as estrelas, com uma lua cheia, e eu chorei; Lembrei da gente com alegria. Vi com meus próprios olhos que a terra não é Plana!

Retorno por que o preconceito nos afasta.

Mas o preconceito nos separa. Quase tudo que foi feito para a perifa eu tenho em mim, e eu sempre tive em mim o que ela me fizera.

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terça-feira, 19 de maio de 2020

É que bate essa coisa de não continuar...

O corpo é realmente algo que precisa ser descoberto, e nele, lacunas vazias, realmente o derrubam. É que as vezes não sinto que devo continuar, é uma preguiça forte, de tudo. Eu digo que teria mais força se tivesse isso ou aquilo, se as coisas acontecessem desse ou daquele jeito, mas no fundo, a preguiça de organizar bate com força.

Eu olho para as coisas, me cobro, me pedem atenção, e eu quero vomitá-las, todas elas. Elas pedem atenção, mas quando foi que aconteceu? Quando que eu desaprendi e me empreguicei de fazer todas as coisas.

Estou com sono, sempre com sono, mas quando deito não durmo. deve ser a anemia. o sangue ta bom, mas anemia não precisa de sangue bom, ela está até quando os sangue não está legal.
Ouço um áudio no whatsapp, outra história linda de amor terminada por coisas. Sempre tem uma anemia diante delas, alguma anemia que ficou guardada por tanto tempo, e a gente não vomita.

Isso de não continuar, não é contínuo, sabe? É que a gente acaba querendo tanta coisa, esse modelo de vida branco classe média alta que quer tudo pra si e faz o que quer com as coisas porque elas agem como querem com as coisas, mas essas coisas todas, elas não são coisas, são pessoas mais frágeis que cerâmica, e que se modelam das formas mais distintas  e belas possíveis; obra e artista de si própria, só que tomadas por coisas, modeladas para ser o que quiserem ser para uma pessoa branca classe média alta fazer uso própria e garantir-lhe os privilégios. Lembra do afago? daquela Presença no seu quarto? Na sua casa? No seu banheiro? Na sua cozinha?

Não é Contínuo... mas ter sido servo de gente classe média branca me tornou hoje anêmico. Meus ossos estão fracos, meus dentes estão apodrecidos, o direito de envelhecer-me foi arrancado para teu privilégio...

A minha anemia não é de hoje, eu sei quem roubou minhas forças, todo pobre preto deveria saber.... todo...  A classe média chama de rancor... tem como não ter? Procura saber aí o que aconteceu com uma criança preta na data de hoje. Eu digo que é Anemia, sem o ser.  Essa coisa de não querer continuar não vem de hoje, e eu entendo o porquê....

É que bate essa coisa de não continuar... E gostaria muito que a classe média branca não continuasse...

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Ouvi dizer que amores e amizades a gente não encontra, reconhece!

Reconhecer em alguém um amor ou amizade não significa que a coisa vai acontecer. Mas de vez em quando é gostoso como a sua voz, o seu tom, movimenta. Meu calar em ouvi-la é um privilégio. Por que sem querer eu rio, e quem um dia me viu viver, sabe da importância do meu riso. É que de repente, sua dicção falha, e eu me vejo, e então, na sua falha

E fala, quando dá uma dica e diz: Vão ás feiras! antes, no meu pensamento eu sabia que você diria...

Quando não me olha e te vejo e escuto no teu gestos àquelas Músicas do belchior que nos são sensacionais: Ou seja todas! E a música mais triste, e revolucionária e que canta a consciência de classe canta meu olhar a te ver, sem que me veja, no reconhecer. e nos canta de qualquer jeito...

Essa terra que nos conecta!

Seus dedos que viram as páginas, te tocam, te elucidem e te confundem, e te levam a dialogá-los com a terra... eu te reconheço... No livro que empresta, e me dá um tempo para devolvê-lo e me pergunto: O que viveremos nesse semestre? ter um prazo para voltar a ti com páginas revolucionárias nas minhas mãos me é contagiante... até lá, viveremos...

Comer do teu pão, ouvi a beleza do teu canto desafinado enquanto pinto as paredes da cozinha, desajeitadamente, eu reconheço...

Te ouvir dizer que vai embora da Z.O, sensível a quem irá se afastar, entrega de casa, nova moradia no centro da cidade teu progresso nessa vida corrida na mesa de café da manhã, de almoço no chão da entrada, teus receios, convidar a todos como a uma forma de saber daqueles que não está sozinha, é carnaval no centro, eu reconheço.

Me protege saber que você existe, me reconforta, me desconstrói, obrigado por isso...

Nossos movimentos são distintos, extremos a se afastar, mas a terra, nela encontramos o lugar... Terra e moradia, nossos movimentos... eu reconheço..

Esses movimentos da vida apaixonantes, quantos sorrisos poderíamos tirar se nos reconhecermos mais profundamente? Eu reconheço

Ouvi dizer que amores e amizades a gente não encontra, reconhece... alguém escreveu desse jeito e minha consciência colocou algo mais

A mesma consciência que quer "gozar no teu céu, pode ser no teu inferno, viver a divina comédia humana onde nada eterno"

De início, a gente reconhece!
Carsan
01/02/2020