terça-feira, 30 de outubro de 2018

Vá, levanta teu sorriso meu caro
Esse gostoso de se ver
Que rasga todas as amarguras
Mostrando o não raro
Brilho e paixão de viver
Diante de Armasduras
Feitas de palavras, de socos e toda
Essa agressividade

Vá, levante, Varre o chão,
O quintal precisa ser varrido
O Lixo compostado
Essa sua solitária gana
Sede e fome de fazer algo
Pelo Futuro

Ah, Mas teu sorriso hoje
Parece feito de luto
O que luta rasga esse mórbido
e Inexpressivo...

Mas tu estás sempre a sorrir
O espelho dos olhos não é
O mesmo de quem se vê
Não poderia ser

Então, levante teu sorriso
Ao seu redor, armaduras
Cognitivas precisam ser levantadas
Muralhas de afetos...

Não deixe que se desmanchem os afetos
Não deixe essa tristeza lhe abater
Eu vejo com amor brotarem
As sementes que plantastes
E as mudas que buscastes nas ruas
Os galhos pequeninos
Que se apresentaram a ti pela vida

Teu riso aprendeu os talentos
Da Poesia e do cuidar
Teu abraço é quente é querido
E é bem vindo
Teu riso muda realidades
Teu choro leva tuas mágoas
Quando se vê, meu querido amor
Choras em alegria.




Carsan
30/10/2018

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Então,
Ela uma vez disse
Que poesia é exagero
E o equilíbrio é o melhor

Enquanto eu ouvia gritos
Divididos
Riscos de bombas atômicas
No mundo

Uma voz muda implodida
Ganhando amplitude
Tenta se fazer ouvida
O Gás, forte, asfixia
E a borracha,
A mesma que apaga o erro,
A escrita,
Também faz a sua ferida

Esta poesia falaria sobre
Esperança, amor, solidariedade,
E ela fala ainda

Mudamente...
Muda

Eis o equilíbrio nos versos acima
São versos de amor
Meu amor...
Carsan
13/06/2017
Vou te escrever esses versos
Ser comum e vulgar
No reino das palavras repetidas
Dos risos e riscos que destes
A meia noite, na alvorada da vida,
Tua idílica juventude
De te repetir a imagem tua
Nos lugares de memória
Do meu corpo.
Carsan
17/09/2018
Deixa que eu vou lavar as louças
Tem umas flores em cima da pia
Umas sementes de alegria e gim
cheiro de manhã de sol e de mim
Quem sou eu?
E apareceu o laço do seu enigma
Luz na mente, estrela na testa
Lembrar os alvos que tu és alvo
Gargalhar abrindo a tua escotilha
Quem sou eu?


Carsan
12/10/2018
Um poema
Um encontro
Essa ida
Ao Horizonte
Que ainda não nos foi tirado
Um poema feito
De um cheiro que seduz
A cama bagunçada
De corpos nus espalhados
Não roubaram nosso horizonte
Ainda
E hoje, a gente já sabe
Que não pode ser roubado
Um poema trabalhado dia a dia
Na rede que formamos
E nos lançamos ao mar
Nos pescamos
E nos alimentamos

Carsan
19/10/2018

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Pergunto pela minha inocência
Meu coração está tão cheio
Que parece o popular
"encontrar agulha no palheiro"
Carsan
19/09/2018

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Gritos desesperados
Ajuda!
Falamos de justiça,
Em algum lugar as togas
São vestidas 
E sua negra cor jorra sangue
Nessa nossa Frágil Democracia
Na fantasia de Eldorado.
Juízes para quem?

A corte dos favorecidos
Sobrevoa a beleza de um cidade
Rio de Janeiro sua linda
Do alto dos seus contrastes
Quem não se encantaria
Na volta de Porto Seguro?

O canal 4, que não é besta,
Fala o Português da vontade colonial
Mares Bravios acalmados
Pela frota invísivel
Das imagens e dos cabos de Internet
Contextualizando o incontextualizável.

Eu quero pegar a estrada,
Ir para qualquer lugar bem longe
De um realidade que o meu 
Corpo não se encaixa.
A dor e o prazer não estão 
No mesmo lugar
O meu corpo não cabe
Nem aceita tal caixinha de sapato.

E o grito desesperado daquela mulher
Hoje não se ouve mais
Tomaram-lhe tudo
Incendiaram sua casa
Calaram seu grito com 
A surdez fingida,
Fingiram não
entender a dor que a ela cabia
A nossa está acima da terra
Em outro terreno, o corpo dela se encaixou
O meu, quer o alento
Que ao viver, o dela não encontrou...

Tomaram-lhe,
Arrancaram a sua dignidade
Pouco a pouco.
Aquele trabalhador
Hoje caminha com seus sapatos furados
Quem olha para os pés
Quando o dinheiro está a sua vista?
Meu corpo caminha descalço
Juntos aqueles pés cansados da sola gasta!

Chamas Históricas queimam minha alma
Meu espírito perde a lembrança de outrora
De quando fui índio, preto, faraó e serviçal
De quando fui bicho e Humano
"Demasiado humano"
Ruínas do meu corpo
Um esqueleto de restos de cinzas
Arde profundamente 
Amargamente no lábio que nem
Beija nem fala nem grita
Sussurra e geme e sente arder
E se esvai...  Então meu corpo
Que não se encaixa nessa realidade
Para longe de qualquer nacionalidade
Cabe na fumaça que se dissipa ao vento

Meu corpo, que nada vale,
Paga a costura das togas
Sob gritos desesperados
Errantes, oriundos
Meu corpo quer lavar o sangue
Que adorna os vestidos negros
Uma cor feita pra justiça
Não pode ter manchas lidas
Como enfeites de poder e status quo
Nossos corpos, nossas lágrimas,
Seja do que for, como for,
Não são "coisinhas qualquer"


Rio de Janeiro, 10/09/2018
Carsan




quarta-feira, 15 de agosto de 2018

E quem disse que a alma
Não quer vibrar?
E quem disse que o corpo
Não quer trabalhar?
Este meu corpo trabalha
O fardo no suor
Que escorre no arado
Um bordado pouco visto
Em sua própria vida de ser corpo

Ele sente febre, nem lembrava
Mais como era quando sua garganta
Inflamada, agonizava os passos
Que não volteavam a praça
Não se bebia mais limonada
Ou talvez a sua perda de apetite

Vou me esconder
Ele, ou ela, aparecem de 
vez enquando
Escrevem uma poesia invísível
E respondem que a alma quer vibrar

Imprevisível,
Regozijante
Bebem do Cálice e deleitam-se
Nas vielas tortas
Se deitam e do
Colchão uma fonte brota

Deleitam-se as almas
Aliviadas do veneno
E exploram seus corpos
Se esquecem que
Um dia foram tóxicos/intoxicados

Paro, eu reapareço,
Eu, ele, ela, nós, tanto faz
Eu vejo tanta alegria 
Na estética do corpo

O semblante não é a aparência
Minha querida Hanna.
Certa vez você me sussurrou
Mas são tão alegres
Tão felizes
Quadros repletos de vivacidade
Que carrego nas mãos

Eu gosto da poesia invisível
Dessa que luta por dar
A face o semblante 
Na aparência que se esconde

Eu sou o invisível
Que cala a sua amargura
E a sua solidão
Na ponta de um sorriso
Tão diferente daquele 
Porta retrato

O corpo trabalha
A alma quer vibrar.
Nove e quarenta da noite
Bateu a hora de
Terminar o trabalhado
Com os arquivos
Apagar todas as luzes
E fechar o Ifhep

Quem sabe outrora e continue
Essa poesia que tanto a alma
Quer vibrar, e os dedos trabalhar...
Explode
Grita
Revida
Solta
Amarra
Amarga
Angustia

Mágoa
Revida
Grita
Explode
Agonia
Angustia

Explode
Grita
Chama
Revida
Abraça
Praça
Caminha

Voz
Cheiro
Memória
Explode

Sonha
Corra
Fuja
Volta
Aconchego
Acalento
Frio
Febre
Inflama
Cobertor

Suor
Alegria
Corpo
Calor
Liberdade
Explode
Grito
Abraço
Revida

domingo, 29 de julho de 2018

Nenhuma poesia
Soprou nos ouvidos
De quem amei
Sobrou poesias
No chão por onde errei
Cheguei a um desconhecido
Um abraço pedinte de corpo
Ou um beco talvez
Um lugar para onde a poesia vai
O corpo não sabe
O destino dos ventos
Os ventos não sabem
Que se destinam ao corpo.
E ambos libertos para
Se lançarem ao destino
Que quiserem
A um desconhecido,
Um abraço pedido
Amiga.
Fotografias quase apagadas
Estão guardadas no relicário
Da memória.
Genéricas poesias ao vento
Pedaços destas,
Pequenos fragmentos
Sobram
Nenhuma poesia
Soprou nos ouvidos
De quem amei
E nem sei
Se a estes ouvidos
Os restos da minha poesia
Ainda se destinam.
Carsan, 31/07/2018.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Antes eu escrevia poesias
Mas nem toda palavra
Da boca alheia
Germina
Queima
Então, folhas secas
De uma terra dura
Deixa ao vento
O verso esquecido
Nada mais se faz
Com a poesia
Um rapaz escolheu o lado do muro
Ao descer, perdeu
A vista dos Campos
Eu escrevia poesia
Pelas praças bares calçadas
A poesia do dia a dia eu queria
Eu tive
Eu conquistei
Eu escrevia poesia
Sobre os males do mundo e da alma
Escrevia diante do romantismo
Das paixões juvenis
Escrevia simbora sem saber o que queria
Roubando e plagiando versos
De poetas esquecidos
Eu era noite e meu corpo iluminava-te com um céu estrelas
Ou trazia-lhe nuvens
E lhes deixava sonhar ao som da chuva
Pobre poeta
A palavra dos lábios alheios
Não queimam os papéis
Mas como a brasa do nosso cigarro
Queima a poesia...
Deixa pra lá
Deixe-a esquecida
Fantasmas do passado
Controlaram quase tudo
Quase
Na seca e desértica terra não se brotam flores
Mas Cacto
Uns ele machuca
Outros mata sede
Da terra da inspiração
A poesia não é flor
Mas cacto
Nunca vi...
E alguém já viu alguma flor nascer do cacto?

segunda-feira, 23 de abril de 2018

De uma Rabequeira


Teu rosto tem
Gosto de cana doce
O cheiro dos cabelos
A Tamarineira,
Ou Laranjeira lima
Que eu brincava de moradia – Algumas
Horas dessa vida corrida.

Tua Saliva na minha boca
Um gole só,
Um tipo de mistura – Raiz de Valeriana
Ou licor de Jenipapo – Primeiras experiências lúdicas
De uma velha criança...

Essa minha boca salivando,
Ainda que escondidas nas linhas
Do teu vestido,
Estas mangas rosa
Devolve sabores da minha infância

E não há rosa que cresça sem luz
Sem feminismo luminoso
Que rompe, rasga, arde
Essa treva que apoderou-se
Ou quer apoderar-se das sementes
E das Roseiras.

Há um momento de encontro
Entre essa cachoeira dos teus olhos
E esse rio que me atravessa o corpo – Essa terra negra, fértil,
Que precisa e luta para se fazer úmida.
Há algo que floresça sem umidade?
Há terra seca que possa alimentar tantas sementes?


Não há como não deixar-se nu
No fluxo dessas águas,
Algo vai, mas o corpo – Esta
Festa “à lá Galeano” – Fica.

Então olho para o mais longe
Do céu que a vista traz...
Presente, a gigante Constelação
Escorpiana no céu
De outono...

Calmarias Valerianas
E embriaguês infantil
Descasar as caianas
Festejos de Abril
Espalhar sementes
Voar numa danceira
Assistir o poente
Correndo e brincando
Ao pé da Tamarineira

Brota uma poesia
E quase me conto
Entre tons, nuances e presenças
De uma Rabequeira...
Edgar Carsan
Rio de Janeiro, 15/04/2018

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Meus Moimentos


Lábios pingados
Ao sabor de café
Olhar em movimento
Para estáticas imagens
Caminho trilhando
Teus passos a imaginação Leva.
                                     
Uma nova poesia
Mistura o cheiro da aurora
Com o aroma
De uma inspiração antiga

Das feridas abertas
Em sua mão estendida,
Estas linhas – Negros caminhos de
Terra fértil – Flor faz nascida...

Fértil, a terra negra nomeia a poesia,
A estática terra imagem
Na imaginação se faz rompida,
Corta-se, semeia, brota
Engana o moimento
Teu estático olhar

Neste quadro – Meu corpo
Trilhas outras abertas – Exposição
Pingados de café – Nos lábios
A boca, tremida de sede,
Sacia-se em goles – Cheios de água


Ouço o estático
De tuas falas
Gota a Gota,
Forma-se fertilidade

Meus moimentos

Ouço teu silêncio
Forma-se o arranjo
Dos nossos sons.

Meus moimentos.

Edgar Carsan,
Rio de Janeiro, 09 de Abril de 2018.