segunda-feira, 23 de abril de 2018

De uma Rabequeira


Teu rosto tem
Gosto de cana doce
O cheiro dos cabelos
A Tamarineira,
Ou Laranjeira lima
Que eu brincava de moradia – Algumas
Horas dessa vida corrida.

Tua Saliva na minha boca
Um gole só,
Um tipo de mistura – Raiz de Valeriana
Ou licor de Jenipapo – Primeiras experiências lúdicas
De uma velha criança...

Essa minha boca salivando,
Ainda que escondidas nas linhas
Do teu vestido,
Estas mangas rosa
Devolve sabores da minha infância

E não há rosa que cresça sem luz
Sem feminismo luminoso
Que rompe, rasga, arde
Essa treva que apoderou-se
Ou quer apoderar-se das sementes
E das Roseiras.

Há um momento de encontro
Entre essa cachoeira dos teus olhos
E esse rio que me atravessa o corpo – Essa terra negra, fértil,
Que precisa e luta para se fazer úmida.
Há algo que floresça sem umidade?
Há terra seca que possa alimentar tantas sementes?


Não há como não deixar-se nu
No fluxo dessas águas,
Algo vai, mas o corpo – Esta
Festa “à lá Galeano” – Fica.

Então olho para o mais longe
Do céu que a vista traz...
Presente, a gigante Constelação
Escorpiana no céu
De outono...

Calmarias Valerianas
E embriaguês infantil
Descasar as caianas
Festejos de Abril
Espalhar sementes
Voar numa danceira
Assistir o poente
Correndo e brincando
Ao pé da Tamarineira

Brota uma poesia
E quase me conto
Entre tons, nuances e presenças
De uma Rabequeira...
Edgar Carsan
Rio de Janeiro, 15/04/2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário