Era cada um na sua... E ela lá, madrugando... uma flor nas madrugadas quentes do Rio de Janeiro... Queria ver o museu, mas já não saia do quintal de casa, não lia mas as cartas...as cartas... Àquelas antigas que ela gostava de ler... um dia enviou uma mensagem ao amigo, contou-lhe da confusa vida que ela via... Nem era assim, sua dor, mas só uma conversa casual mesmo, e também um sexo casual... só pra sentir uma companhia gostosa do outro... só pra sentir e pensar ou não sentir e não pensar... Ele, hum! Coitado, as artes e as ciências e todas as ocupações. e responsabilidades do dia a dia... Não pode respondê-la por que não a compreendia... não compreender, era isso que a machucava, que a irritava...nessas horas é preciso esta só, se afastar um pouco, ir ao cinema sozinha, conversar com um beija flor quem sabe? ver o mar por que não? mas ela andou um tempo se envolvendo demais com pessoas, e se esquecendo de como voar sozinha... voar sozinha, no começo é difícil se lembrar como faz... eu também era essa pessoa, e queria de novo o abraco dela... esqueci completamente, nessa coisa de dia a dia... de alegria tao passageira, esqueci desse detalhe nela, que para ter-lhe o seu acalento abraço, a sua meliflua voz e palavra... é preciso lhe dar doses de carinho... o abraço doce então se faz na busca para entender e cuidar dos que nos são caros... mas não era tempo de olharmos assim... hoje ela esta voando... e eu, com vontade de ser para ela, fico na espera, ou esperança de também ser com ela... No olhar dela, e para ela, neste minuto, posso dizer apenas que eu era...
Edgar Carsan