quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

EIS UM SONHO

Não esquecer
Das minhas obras
No tempo nosso
Pertecente ao outro
Em sua maior parte

E assim,

Aquela cena de amor
Aquela fala sem lógica
Aquele personagem desesperançosos

Não serão apenas rascunhos
Do que se desprendeu da memória


Rio de Janeiro, 20/02/2014
Edgar de C. Santana
Juradir levantou-se, tomou uma banho, escovou os dentes, vestiu-se e saiu de casa. Ficou puto com a demora do ônibus, com a longa viagem de trêm, com a barca cheia, com o metrô apertado. Fumou um cigarro. sentou-se na mesa do escritório, cansado, suado, mal-humorado, e escreveu este miniconto louco para voltar pra casa.
Na hora de agradecer somos tímidos, mas na hora de sacanear, desprezar e fingir amar ninguém é tímido.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Primeiras e Poucas Palavras Sobre Uma Mãe Escritora

Ela engole desprezos em forma de desculpas jorradas dos telejornais; Ela vê um paradoxo de um discurso contra a violência sendo violento, seu menino brinca fantasiando seus irmãos gêmeos como bonequinhos, sem notar a face estupefata de sua mãe diante das mensagens que recebe.
O telefone não para de apitar, e na tela do computador uma rede social atualiza ás criticas á uma ditadura que apenas mudou de forma, atingindo subjetivamente os ideais de um mundo que cerca seu filho, e que cerca todos á sua volta.
Ela não quer fugir, ela quer se libertar, ela escreve para se libertar, atingir o que a voz não alcança, e dá voz em canto onde as palavras por si só não expressam; buscando manifestar o que vê, ela faz um filme curto com milhares de pessoas alojadas nas estações, em plena segunda feira de manhã.  Deixa de lado o seu amor para ver a cara de desânimo e de luta dos alheios.
Deitada na cama, escrevendo sua poesia de quarto, todas as imagens se cruzam e se relacionam, sabendo perfeitamente que os muros se mostram um pouco mais objetivamente, mas ainda camuflados numa paz obscura.
Ela poderia negar toda atualização que a vida lhe oferece, e correr sem querer saber o que acontece, ela poderia buscar uma paz num suicídio filosófico, ou simplesmente esquecer que existe uma cidade, mutável, e que pela sua mutabilidade sua paisagem é estranha.
Porém, não se importar para ela tem mais do que uma passividade, a maioria ostenta sua resignação, ostenta seu esquecimento, e ela por sua vez, nega, e o não importa surge como um soco ou como uma ironia sufocada, e se inspira por que vozes em coro são abafadas. Não é possível, ao enxergar o absurdo, se manter resignado, e então lhe-bate a vontade de ver seu filho um pouco mais liberto, ou ainda como um caminho para que ele saiba o que foi registrado e o que pode ser registrado.
E saber, que como ela, seu filho não viverá só, nunca será por si só solitário em autonomia, mesmo que o exercício de viver lhes exige em momentos a solidão em espírito, a solidão de nem sempre ter uma mão a acariciar lhes o cabelo; não é apenas o futuro de filhos a se desenrolar, mas o presente do NÓS acontecendo.
É hora de parar de pensar nisso por um tempo, é hora do filho dormir, eles se abraçam na cama, eu, que escrevo este pequeno conto, desligo a televisão, e inspirado e dizendo o amor, mesmo sem objetivamente dizer o que é, venho escrever e como ela, tentar me libertar um pouco mais.

Rio de Janeiro, 15/02/1014.

Edgar de C. Santana

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Só uma agonia só


Saber que é só,

Só um dor de agonia

Uma dor de estar só.
Uma voz se esquiva

Uma outra se perde

Distorcida

E uma, enfática, imediata

Determina.
Saber que é só,

Não é só uma dor

De garganta

É mais, é uma escolha,

É acalento deixado de lado.

A voz que determina

Distorcida se perde

E pede amor

Sitiado na sua melancolia

Ela sabe que é só,

A bobinha da corte

Onde a chamam sua atenção quando bem querem

E quando bem querem a largam de mão

Saber que é só

É só uma agonia na garganta,

É só uma dor só...

Rio de Janeiro, 12/02/2014

Edgar de C. Santana

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

MAIS DE DEZ PARA SUSTENTAR UM CHORO





Poderíamos ter gritado e sair correndo e nos mostrar nus enquanto o sol arde a pino e nossas línguas tomam gotas do nosso próprio suor; Poderíamos rir, e cada um fingir ser o quê não é, apenas para divertir o outro, e não para jogá-lo a uma parede de fuzilamento feita de cadeiras em volta da mesa; Por falar em mesa, poderíamos ter levantado um pouco mais, termos visto pela janela que há vida, ao invés de fazermos apenas das janelas a nossa tela de computador, e a tela do vizinho a frente.
O que importa dizer que deu certo ou não? O que importa se fomos ou não conhecidos? Será mesmo que sempre tem que dar certo? De fato, há o que poderia ter dado certo, se fosse tentado, se fosse... não terminaria na mesma se fosse...
Mas optamos por nos manter calados, cientes de que mudam pela gente, para o bem ou para o mal, queiramos ou não; E optamos por nos manter em nossos postos, são e salvos; Antes de chorar a minha mãe, que chore a do outro, ou melhor, não apenas a do outro, mais a dos outros, são olhos rasgados de mães chorando, num ditado tão falso, minha mãe choraria do mesmo modo se outras mães chorassem pelos seus filhos, e choraria o dobro, se soubesse que seu próprio filho foi omisso, calou-se, e fingiu ser o que não é para fuzilar a quem importa; antes de chorar a minha mãe, que chore a do outro, ou este ditado está errado, ou são falsas as nossas mães.
Errado por que vi minha mãe chorar pela morte de outros filhos, chorando não pelos filhos, mais pelas mães, seja morte física, filosófica, política ou poética, morte em todos os sentidos, e vi mães, inclusive a minha, chorando pela vida.
Poderíamos ter chorado juntos, e ter sangrado com os olhos abertos em todos os lados, e não mentindo em nome de Deus, como bons Cristãos, por que se Deus existe, não é ele que te dá, mas a tua omissão, a tua falsa apatia, a tua vontade de não mudar.
Uma pena, eu escrevo palavras tortas, não sou muito lido, Machado de Assis, por tudo que escreveu, foi pouco lido, a maioria das pessoas que conheci não conseguiu chegar à metade de um livro se quer do Machado de Assis.
Eu não sou lido, não sou conhecido, mas me dou ainda assim ao exercício de escrever, e toda vez que me ver, e que ver qualquer coisa que eu escreva, e qualquer escritor que eu admire, acredite, será o que te denuncia, assim sem dizer nomes; Não é necessário dizê-los, nenhuma das mais de dez mães chora pelo fato dos filhos sustentarem tua posição, e você, na tua posição, subjugará uma falsa alegria da sua mãe a inveja das outras, você tem a posição, a condição social, eles não!
Enfim, me dou ao vão exercício de escrever, o que tenho de amor, tenho de rancor, mas sobre tudo, redundante como gosto de ser, encerro para minha gargalhada que você vê e ouvi, e saberá que dou, por onde passarmos afinal: meu RISO LUTA!

Edgar de C. Santana

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

"Do jeito que as coisas são, ainda bem que o dia não tem 30 horas, Se um dia tivesse 30 horas, seriam mais seis horas no emprego, e  os trabalhadores, taxados por alguns de vagabundos e outras coisas piores."
"Os artistas precisam entender que hoje em dia não são eles que precisam das ruas e dos públicos, e sim as ruas e os públicos é que precisam de artistas."
"O artista na rua rompe com a Monotonia"

CAMINHOS DE APATIA E LUTA

Falo da maldade sem inocência
Falo do incêndio
E do rancor guardado

Falo da vida sem paixões
Falo da dor, do ódio
Da melancolia
Do esquecimento
E da conversa em mão única.

Arrogância, estupidez, Falsidade
Falo
Caga e andar para o nós,
Para o silêncio forçado
Para a fala-silencia

Falo da perda da ausência
Da mentira, egoísmo, ciúme, obsessão
Controle,

A Miséria
Miséria da riqueza há,
Pobreza de espírito

O sorriso que chora
O choro que não cai

Assim, 
Amor,  paz, alegria, paixão
Não pague 
Por toda essa regular irregularidade
De uma irregular regularidade

Falo Falo Falo
E no fim
Calo!

Edgar de C. Santana