terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Olhar do Poeta


Rio de Janeiro, 27/01/2015
Por Edgar de C. Santana

Eis o olhar do poeta
Olhar que dele não sai
Mas até a ele chega
Neste par de olhos: profundo abismo
Onde encontro meu fascínio
Onde luto e recito 
Me inspiro e dou-lhe poesia

Uma parte está em ti
Uma parte de ti em mim
Nos unimos assim
Acaso encontro
Dos nossos passos

Dos nossos passos
Nessas ruas encontrados
Será uma obra então escrita?
Será uma poesia do dia a dia?

Saber é impreciso
E o que preciso
É deste teu olhar
Enquanto faço da calçada meu tablado
Do verso meu trabalho

Seu olhar,
Dele tirei um pedaço
Para continuar nesta lida
O seu olhar agora
É a minha Poesia





segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Edgar de C. Santana

Um prazer ver pares que se fazem sorrisos
Com um tanto de alegria se façam amigos
Nesses dedos enlaçados de onde a nota
Faz-se inspiração no verso do poeta

Pelas ruas que caminhas cruza esperança
De um amor que nos leve como em dança
Onde ainda o peito triste chora a batida
Por ritmo que brote a alegria de uma vida

Não existe aquele que não esteja apaixonado
De amar em mar até mesmo o rejeitado
Ou ainda que sirva há o cantar inspirado

Se faz presente aos alegres e ao entristecidos
O encontro olhar que sonhamos eternizados
Num minuto, noite, nossos corpos enlaçados
Por Edgar de C. Santana

Pediu abrigo
Cantou a quem pudesse amá-la
Mais ninguém viu
Nem ouviu
O choro surgido da calçada

Ah! com o tempo caiu
Aquela lágrima que esperava
Escondida, sob o solo
De uma notícia amarga

Lá trás:  esperança esperança
Na saudade do que fora quimera
Uma flor nascerá com a aurora
Regada
Na lágrima de sua andança

O sorriso há de brilhar
E quem sabe ao despontar
Encontre enfim,
O abraço que lhe faça abrigo.


Cantou alto, só que ninguém ouviu.

sábado, 24 de janeiro de 2015

Mais um Mendigo

Fome,
Volta a fome,
A fome de uma cidade grande
Na solidão que abate
Em nossas companhias
Barriga vazia
Cabeça cheia
Fome
Estética
Ruas arrastadas por multidões
Blocos nas ruas
água
álcool
amor
fome
Embriaga  poesia
Versos soltos tortos
Pra lá e prá..
Uma sementinha jogada
No rir para ti
Águas nos olhos
Que se enxergam
Há tempos incomuns
Sede nos olhos
Latentes de olhar
Hemisférios próximos
Fome
Estética da fome
Amor...
Edgar de C. Santana

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Ah se Freud Explicasse...



Por Maria Catarina

Na noite de segunda pra terça sonhei com frangos congelados, normalmente tenho sonhos cômicos, este foi de mais. Gostaria de saber o que Freud tem a dizer sobre sonhar com frangos congelados. Eram muitos, espalhados por toda a casa, por toda a sala... Mas não eram somente os frangos congelados, havia sentimentos esquecidos...
Sim ela estava neste sonho, e ela estava indignada por terem colocado tantos frangos congelados em nossa sala, ela chamou o vizinho pedindo para que ele resolvesse o problema, ele dizia que eles não federiam, para que ela ficasse tranquila. Eu já me via jogando duchas de água no sangue dos pobres coitados que haviam ficado na sala, de fato calma com tal fato– Coisa de sonhos.

Mas depois do problema resolvido, surpreendentemente ela me disse “Volta para mim” ah! Toda essa surreal idade! E senti como se uma paixão voltasse eu beijava abraçava e ela beijava e estávamos nuas na cozinha de nossa casa.
Na verdade era como se eu nunca tivesse ido embora como se ainda morássemos juntas, como se eu ainda estivesse lá no que era nosso lar presente, de alguma forma. Oh! Surrealidade.

E  cantarolávamos num ritmo de samba:

Volta!
Que na hora que você vai
Volta!
Que o tempo deixa bambas as pernas
Volta!
Que a senhora vai por aí
Volta!
Com seu rebolacho
Suas pernas tortas
Sua rosa sua rosa
Volta!
Que a Plena Alegria chegou enfim

E quando dei por mim estávamos deitadas em nossa cama, e olhei para ela dormindo e eu me perguntando por que não estou abraçada a ela? É minha mulher? Eu posso abraça-la! Então abracei, e toquei nas uvas eram as minhas uvas. E vi que estava dormindo e disse e me perguntava cadê? Cadê minha mulher? Cadê minha mulher? Cadê...
Acordei novamente apaixonada por algo que não existia mais, algo que havia escorrido pelos dedos. Algo que eu não posso mais acreditar... Acreditar na reciprocidade dos sonhos, dos sentimentos, acreditar que ela, mesmo sem saber como, sentia minha falta. Eu sonhei com você esta noite!
Para ser sincero, gostaria de manter essa declaração de mulher para mulher, agradeço por esse espaço, onde posso externalizar-me e manter-me anônima, mas tenho que dizer: prefiro deixar a dúvida quanto às escolhas sexuais. Na verdade, incluo ainda que não fui eu que sonhei, mas sim ele, foi ele quem sonhou comigo...



Rio de Janeiro, 20/01/2015.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Uma trem de Strasbourg a Campo Grande

Lá na escola municipal, todos os jovens sofriam com depressão, obrigado colega, por me fazer ver que estamos tão perto de Strasbourg. Pertinho da minha antiga casa, havia uma mansão de um senhor que era dono de escravos, l´plas bands des Campo Grande. Tudo está tão perto; Esses dias aquelas ruas alagaram com a tempestade, eu no meu quarto na Glória, lendo tais notícias no meu computador. Eu não saberia o que se passava em Campo Grande no ano de 1965 morando na Glória, hoje mesmo passados 50 anos, eu posso saber alguma coisa do que aconteceu em Campo Grande no ano de 1965.Assim, aos 13 anos, eu andava pelas ruas de Olinda, não a Pernambucana, mas a Nilopolitana e minha mãe não tinha medo algum da hora que eu fosse chegar em casa. Lá em Paris, alguma coisa grave aconteceu, séria mesmo, e num já conhecido efeito dominó, outras graves e piores aconteceram. Lembrei-me do Charles, em Londres, dos dois, do Brasileiro e do ex. da Diana, e voltei, ainda no mesmo dia, para os 80% dos alunos de Strasbourg. 
Sorrir lhe parecia difícil, mas com humor, claramente, as vezes, fazer uma piada é tão difícil quanto chorar, e ainda, com um rosto em lágrimas, com humor fúnebre, nosso Riso Luta, e o dela era uma luta diária, afinal ela sofre com todo tipo de depressão existente. Não, ela não precisa crer na eternidade, tão pouco enfiar a cabeça em baixo do trem, mas pelos trilhos ela caminhou inúmeras vezes, debaixo de um sol escaldante, quando nas idas e vindas os serviços paravam de funcionar. Ela também conheceu a história de um homem que caminhou por aí, contando trilhos, sobre os trilhos se deitou, alguns nativos lhe resgataram, ele disse um número, e depois dormiu.
   

Ela tinha uma noção do que era morrer sob os trilhos, como tinha uma noção do que era um atentado contra o humor, um atendado contra si própria, um atentado contra um desses sorrisos que lutam. Um argumento violento para uma intolerância conscientemente produzida. Ela é Charlie, ela também é islã Chicana latina Catarinense e por ela estou apaixonado, e como toda uma pessoa qualquer, uma dessas que não recebeu uma Secretaria do Estado do Rio de Janeiro do papai para administrar; tão pouco um lugar para morar, ela caminhou pelos trilhos e viu um atentado ao humor, ela não vai se matar por nada disso, o que ela tentou fazer? Escrever! E triste me dizia:

"Eu não consigo! Minha consciência diz que quando falo sobre intolerância me torno intolerante."

"Não olhe para isso, os erros estão de todos os lados, inclusive na sua consciência! Precisamos falar! Por tanto fale.”

"Eu preciso pagar meu aluguel e você?"

"Eu também."

"O que eu faço?"

Conversamos, nos beijamos, conversamos, estamos sozinhos demais, em estados distantes, não tenho um helicóptero a minha disposição, nos amamos, rimos e choramos, os trilhos dos trens estão lá, quentes, chamando nosso nome,  80% dos alunos de Strasbourg sofrem de Depressão. Os alunos lá da escola municipal em que estudei, sofriam com a depressão. Ela se aconchegou em mim, somos dois solitários, as vezes, é melhor o bom humor, um pouco de cuidar, as vezes é o que precisamos. Tudo parece tão desconexo, tão sem sentido, Prólogos Desconexos era o nome de uma companhia de teatro que apresentou uma peça em  Campo Grande do Rio de Janeiro. 


Rio de Janeiro, 08/01/2015
Edgar de C. Santana 

domingo, 4 de janeiro de 2015

12 horas

12 horas
Um quarto de dia
Um quarto onde mora
O que eu queria

12 meses desprezada eu me via
Vezes dois eu sorria
Trinta e seis, minha agonia

Chamas rompiam nos céus
Maravilhados os olhares
 Se perdiam

Estrelas de poucos minutos
Portas de novos meses se abriam

Não me importa a alegria
Não me importa a tristeza
Uma viagem em que você dormia
Na penumbra de um sonho
Eu me apegara
Doze horas
De repente um outro dia.

Obras do acaso
Ou do que está escrito, sei lá    
Uma paixão brotara
Uma semente deixada
                                                              Enfim.


 Rio de Janeiro, 04 de Janeiro de 2015

Maria Catarina

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Está ali, bem na minha frente
Com seu calor seu humor seu dente
O dia que se faz presente
Esta ali, bem na minha frente

Está ali, a lembrança de ontem
Aqui te homenageio
Amanhã nos despedimos

O Cristo nos diz Adeus
Com sua cara pálida
Seus versos por aí
Aqui, relembro o que foi embora
Depois volta.

Agora digo que parto
Viajo depois do mês que vem
Quando voltar a grana
Depois da pobreza de um fim de semana

Esta ali, bem na minha frente
Junto a sua fotografia
Estática ainda na minha mente
A poetisa, coitada, sofre
Afinal, ama intensamente
O que não a torna ser amada!

Mas a paixão
Que um dia fora duradoura
Depois do Verão
Será tão boba
E depois tão triste
Não há paixão que resiste
Ao passado que ecoa

A poetisa coitada, morre
De tanto que escreve a
Flor coitada
Florzinha cheia de espinho
Não é a única do jardim
Mas a única a ser amada

A Musa de fato
Anda por aí
Está ali, bem ali,
Me pedindo um cigarro
Vindo até mim
Me levando junto embora

A poetisa de fato
Mora bem ali ao lado!

Edgar de C. Santana
Rio de Janeiro, 03/12/2014