sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Uma trem de Strasbourg a Campo Grande

Lá na escola municipal, todos os jovens sofriam com depressão, obrigado colega, por me fazer ver que estamos tão perto de Strasbourg. Pertinho da minha antiga casa, havia uma mansão de um senhor que era dono de escravos, l´plas bands des Campo Grande. Tudo está tão perto; Esses dias aquelas ruas alagaram com a tempestade, eu no meu quarto na Glória, lendo tais notícias no meu computador. Eu não saberia o que se passava em Campo Grande no ano de 1965 morando na Glória, hoje mesmo passados 50 anos, eu posso saber alguma coisa do que aconteceu em Campo Grande no ano de 1965.Assim, aos 13 anos, eu andava pelas ruas de Olinda, não a Pernambucana, mas a Nilopolitana e minha mãe não tinha medo algum da hora que eu fosse chegar em casa. Lá em Paris, alguma coisa grave aconteceu, séria mesmo, e num já conhecido efeito dominó, outras graves e piores aconteceram. Lembrei-me do Charles, em Londres, dos dois, do Brasileiro e do ex. da Diana, e voltei, ainda no mesmo dia, para os 80% dos alunos de Strasbourg. 
Sorrir lhe parecia difícil, mas com humor, claramente, as vezes, fazer uma piada é tão difícil quanto chorar, e ainda, com um rosto em lágrimas, com humor fúnebre, nosso Riso Luta, e o dela era uma luta diária, afinal ela sofre com todo tipo de depressão existente. Não, ela não precisa crer na eternidade, tão pouco enfiar a cabeça em baixo do trem, mas pelos trilhos ela caminhou inúmeras vezes, debaixo de um sol escaldante, quando nas idas e vindas os serviços paravam de funcionar. Ela também conheceu a história de um homem que caminhou por aí, contando trilhos, sobre os trilhos se deitou, alguns nativos lhe resgataram, ele disse um número, e depois dormiu.
   

Ela tinha uma noção do que era morrer sob os trilhos, como tinha uma noção do que era um atentado contra o humor, um atendado contra si própria, um atentado contra um desses sorrisos que lutam. Um argumento violento para uma intolerância conscientemente produzida. Ela é Charlie, ela também é islã Chicana latina Catarinense e por ela estou apaixonado, e como toda uma pessoa qualquer, uma dessas que não recebeu uma Secretaria do Estado do Rio de Janeiro do papai para administrar; tão pouco um lugar para morar, ela caminhou pelos trilhos e viu um atentado ao humor, ela não vai se matar por nada disso, o que ela tentou fazer? Escrever! E triste me dizia:

"Eu não consigo! Minha consciência diz que quando falo sobre intolerância me torno intolerante."

"Não olhe para isso, os erros estão de todos os lados, inclusive na sua consciência! Precisamos falar! Por tanto fale.”

"Eu preciso pagar meu aluguel e você?"

"Eu também."

"O que eu faço?"

Conversamos, nos beijamos, conversamos, estamos sozinhos demais, em estados distantes, não tenho um helicóptero a minha disposição, nos amamos, rimos e choramos, os trilhos dos trens estão lá, quentes, chamando nosso nome,  80% dos alunos de Strasbourg sofrem de Depressão. Os alunos lá da escola municipal em que estudei, sofriam com a depressão. Ela se aconchegou em mim, somos dois solitários, as vezes, é melhor o bom humor, um pouco de cuidar, as vezes é o que precisamos. Tudo parece tão desconexo, tão sem sentido, Prólogos Desconexos era o nome de uma companhia de teatro que apresentou uma peça em  Campo Grande do Rio de Janeiro. 


Rio de Janeiro, 08/01/2015
Edgar de C. Santana 

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