segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Sonetos da Carne

Edgar de C. Santana
Rio de Janeiro, 09/02/2015

I

Certa Vez Uma Voz Me Bateu Faminta
Seca, Fria E Praticamente Inaudível
A Beleza Com Que Cantava A Tônica
Da Sua Dor Amarga De Sua Fome Invisível


Dos Pratos Cheios De Domingos E Feriados
Não Mais Que Reles Tons De Medos Calados
Disfarçados De Risos Falsos E Enlatados
Cantando Cru O Que Deveria Ser Chorado

Não Menos Que Meio Dia Ceamos
E Vimos À Bruma Pálida De Uma Face Enrijecida
Assassinada Na Comida Que Compramos

Disfarçada Na Oração Agradecida
Não Eram Carnes, Peixes E Aves Ali Servidas
Era A Consciência Em forma de Assados Humanos