domingo, 26 de junho de 2016

VEM...

PARA SE CHEGAR A PLENA ALEGRIA

Para se chegar a Plena Alegria é preciso ter olhos cheios de cachoeira, elevar o cheiro tranquilo da noite até a lua e deixa-la mostrar-se nua, despida depois que o dia vai embora e vem a noite trazer-lhe o palco.
Olhos cheios de cachoeira de emoção para olhar o horizonte, ou um lugar longínquo para seguir em direção, talvez nunca chegue... talvez o horizonte não tenha um fim, será a caminhada o nosso fim?


CAMINHADA

Carlota parecia dar passos de formiga, eram tão lentos que pareciam que nunca chegariam aonde queria chegar: Na lua, no sol, no céu azul, nas estrelas, no horizonte... sim! No horizonte, e o mais perto possível, só para ver como era aquele abismo temido!
Não ia sozinha, tinham uns que iam tão rápido que ela só sentia o vento que passava perto; outros que Carlota realmente achava que viveriam uma vida inteira e não dariam um passo se quer, mesmo que em movimento.
Curiosos eram os que estavam parados na jornada, pareciam uma estátua! Carlota até dizia “vamos”, e eles pareciam não saber o que responder, continuavam em seu silêncio profundo... tinham uns que parados diziam com medo, então era a hora de  evolver-lhes os braços e dar os passos que levam dias inteiros para serem dados, e quando Carlota ficava ansiosa por ter dado meio passo depois de dias, lembrava daqueles que passavam deixando um rastro de vento tão forte, como um furacão, que acaba nos levando junto, a tal ponto, que as vezes era necessário usar de muito jeito e muita dificuldade para prender os pés no chão (e os machucava as vezes por isso).
E depois de meio passo dado, esses que estavam parados diziam “tudo bem, deixe-me ir, obrigado por ter me feito movimentar, vamos nos encontrar logo ali na frente”.

CHEGADA

Para chegar a Plena Alegria é preciso movimentar-se, vivenciar a caminhada, a comunidade e os indivíduos que aparecem, e esse movimento nos presenteia com os amigos, ou filhos... Carlota não veria o abismo depois do horizonte, e só sentiria o calor da lua através de sua emoção, seus olhos em cachoeira... e a plena alegria? Essa não nos encontra ali na frente, é conosco que ela caminha... “Não vai me abraçar na hora da chegada, mas me abraça enquanto caminho”


Rio de Janeiro, 24 de junho de 2016

Edgar Carsan
"Do Livro: Mil contos que escreverei um dia"