terça-feira, 15 de novembro de 2016

Fragmentos de Cereja

         Uns se matam nos seus desejos, outros de tanto trabalhar para realizá-los.... Dia a dia nos matamos... apodrecemos... Ele tentava disfarçar, esconder as mentiras separadas dos braços, juntar cacos. Morríamos juntos todo dia ao som do despertador... Ele buscava esconder a mentira, era tão medonha a verdade que se achavam perseguidos... Quem pode sustentar por tanto tempo seu véu? Quem pode evitar de falar do sebo das artérias? A olhos por todos os lados... Um satélite filma o amor escondido nos quartos de hotéis, nos bordéis, na esquina... Ela vivia assim, tentando esconder as poeiras da sala de visitas... Ela já não suporta tanto... Ela se vê enfim, mórbida na vida... Mas quem pode ser mórbido? Quem poderia viver sem ter nada a expressar... o mendigo? o louco? O desesperado? Esses são realmente mórbidos? O amor vai embora... a prudência se perde e Pandora soltou a esperança no mundo.... Há esperança? Há como esperar? Como esperar? Como espera cegamente? Ela cansou de esperar, servindo apenas as cerejas na janela, e todos os curiosos, querendo saber o porque daquilo, das cerejas na janela, tanta foi a curiosidade sobre as cerejas que não viram que a cabeça estava fora do corpo, o corpo estava desfalecido.... não reparavam que ela simplesmente estava entregue e aprisionada a mesmice comum do dia a dia.... ele, que esperava que os pés pudessem superar montanhas, esfolou seus joelhos por achar que poderia transpô-las sozinho... os outros? Alguns pagaram por um lugar cativo e investiram no écran que lhes cegava... Mas a maioria nada mais fizeram do que tirar um cochilo enquanto as luzes não ascendiam...


Rio de Janeiro, Novembro de 2011
Edgar Carsan

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Para que as nuvens não tapem..

Então plantemos uma árvore
Façamos uma viagem
Ou fiquemos em casa somente...

Lembro-me de ouvir
A tua gargalhada
E nela espalhada
A nudez da sua alma

Hoje leio teu gargalhar
E desejo que o mesmo seja
Ainda que árduas as tarefas

São tempos difíceis para
Os sonhadores
E já viu sonhador deixar de sonhar?

Cada um tem o seu sonho,
E ainda que não lembres do teu,
Caso goste de ouvir
Tens os meus,
Tanto os sonhos quanto os ouvidos...

Se for para falar a língua dos homens
Que sejam em nossos corações
Ouvidos à amizade

Estarei por aqui,
Sou uma estrela viva
Lutando, perdoe cada erro meu
Ou cada palavra dura
Que eu tenha dito
Faço o mesmo por ti
E tão rápido quanto o for

Para que as nuvens
Da minha vista não tapem
A estrela que é...

Rua a rua, a cada esquina
A vida trôpega, as vezes,
Quando então,
Puderes, e quiseres me encontrar,
Não desista, encontre,
Quanto a mim,
Faço o mesmo,
Para que então hajam ruas
Aonde livremente eu possa caminhar

Pois a Vida,
Deus,
Nirvana, enfim,
Tem, por acaso
Um destino, Calculado
Na conta Matemática
Da Poesia...

Rio de Janeiro, 09/11/2016
Carsan