sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Sem título

Tem certos dias que nos bate uma vontade de chorar, tem certos dias que uma tristeza se prolonga por uma vida, tem certos dias que poderíamos ter passado sem que houvesse acontecido, e este sentir-se inútil, impotente, este sentir-se frágil... Culpar-se por não ser feito de chumbo? Culpar-se por não ser a pessoa forte que tanto os homens querem que sejamos? Meu lugar fosse nu correndo em choro desesperado, meu lugar fosse com as faces voltadas para o desenho vazio das linhas do areia de uma praia, ou minha cor negra fosse vista em ossos, com o rosto escondido entre as pernas. É difícil, quando os sentimentos não cabem nas palavras, expressá-las, mas mesmo assim soltamos, mesmo enxergando a vida, que tantos querem falar, como algo tão interligado, tão globalizado, afinal, chora no norte, no centro, no sul, tribos e terras sobre o verdadeiro chumbo que traz a arma quente...    
Talvez eu seja um desses, talvez eu seja àquela menina que tanto queria sair do seu emprego e voar para os braços dos filhos, um refúgio para seus sentimentos, mas que só se pode continuar presa, atrás da tela do computador, afinal, era meio dia ainda do seu expediente que parecia uma eternidade, afinal havia muros do “não poder” no emprego... E um não pode, é o emprego! É Empresa! São as empresas, as pessoas o mundo... Confuso, tudo muito confuso, não poderia me expressar de modo confuso hoje, como se eu sentisse em mim mesmo onde eu deveria estar...
Talvez eu pudesse falar do casamento da fé e da ciência, mas olha a física aplicada a projéteis experimentados em corpos humanos... Quem tem fé que abaixe sua arma! Não me cabe uma poesia, nem palavras para contar, e mesmo que houvesse ainda o sentir-se inútil se preservaria.
Talvez fossemos todos nós, a humanidade inteira assim, e talvez, por algum minuto, eu desejasse estar no lugar do outro, deitado na areia, e dissesse pronto, passou, não terei de ver mais o amor, mas também não terei de ver o ódio. Não terei sorrisos, mas também não terei os olhos molhados, não ouvirei que sou forte, mas também não terei de ouvir que sou dramático... Quanto à esperança? Pandora abriu uma segunda vez a sua caixa de males, e ninguém soube... Ela está entre nós, hoje ela nos é possível, mesmo com toda essa inutilidade que sentimos, mesmo com essa dor que lateja no peito, ela está entre nós.