terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

MAIS DE DEZ PARA SUSTENTAR UM CHORO





Poderíamos ter gritado e sair correndo e nos mostrar nus enquanto o sol arde a pino e nossas línguas tomam gotas do nosso próprio suor; Poderíamos rir, e cada um fingir ser o quê não é, apenas para divertir o outro, e não para jogá-lo a uma parede de fuzilamento feita de cadeiras em volta da mesa; Por falar em mesa, poderíamos ter levantado um pouco mais, termos visto pela janela que há vida, ao invés de fazermos apenas das janelas a nossa tela de computador, e a tela do vizinho a frente.
O que importa dizer que deu certo ou não? O que importa se fomos ou não conhecidos? Será mesmo que sempre tem que dar certo? De fato, há o que poderia ter dado certo, se fosse tentado, se fosse... não terminaria na mesma se fosse...
Mas optamos por nos manter calados, cientes de que mudam pela gente, para o bem ou para o mal, queiramos ou não; E optamos por nos manter em nossos postos, são e salvos; Antes de chorar a minha mãe, que chore a do outro, ou melhor, não apenas a do outro, mais a dos outros, são olhos rasgados de mães chorando, num ditado tão falso, minha mãe choraria do mesmo modo se outras mães chorassem pelos seus filhos, e choraria o dobro, se soubesse que seu próprio filho foi omisso, calou-se, e fingiu ser o que não é para fuzilar a quem importa; antes de chorar a minha mãe, que chore a do outro, ou este ditado está errado, ou são falsas as nossas mães.
Errado por que vi minha mãe chorar pela morte de outros filhos, chorando não pelos filhos, mais pelas mães, seja morte física, filosófica, política ou poética, morte em todos os sentidos, e vi mães, inclusive a minha, chorando pela vida.
Poderíamos ter chorado juntos, e ter sangrado com os olhos abertos em todos os lados, e não mentindo em nome de Deus, como bons Cristãos, por que se Deus existe, não é ele que te dá, mas a tua omissão, a tua falsa apatia, a tua vontade de não mudar.
Uma pena, eu escrevo palavras tortas, não sou muito lido, Machado de Assis, por tudo que escreveu, foi pouco lido, a maioria das pessoas que conheci não conseguiu chegar à metade de um livro se quer do Machado de Assis.
Eu não sou lido, não sou conhecido, mas me dou ainda assim ao exercício de escrever, e toda vez que me ver, e que ver qualquer coisa que eu escreva, e qualquer escritor que eu admire, acredite, será o que te denuncia, assim sem dizer nomes; Não é necessário dizê-los, nenhuma das mais de dez mães chora pelo fato dos filhos sustentarem tua posição, e você, na tua posição, subjugará uma falsa alegria da sua mãe a inveja das outras, você tem a posição, a condição social, eles não!
Enfim, me dou ao vão exercício de escrever, o que tenho de amor, tenho de rancor, mas sobre tudo, redundante como gosto de ser, encerro para minha gargalhada que você vê e ouvi, e saberá que dou, por onde passarmos afinal: meu RISO LUTA!

Edgar de C. Santana

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