segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Gritos desesperados
Ajuda!
Falamos de justiça,
Em algum lugar as togas
São vestidas 
E sua negra cor jorra sangue
Nessa nossa Frágil Democracia
Na fantasia de Eldorado.
Juízes para quem?

A corte dos favorecidos
Sobrevoa a beleza de um cidade
Rio de Janeiro sua linda
Do alto dos seus contrastes
Quem não se encantaria
Na volta de Porto Seguro?

O canal 4, que não é besta,
Fala o Português da vontade colonial
Mares Bravios acalmados
Pela frota invísivel
Das imagens e dos cabos de Internet
Contextualizando o incontextualizável.

Eu quero pegar a estrada,
Ir para qualquer lugar bem longe
De um realidade que o meu 
Corpo não se encaixa.
A dor e o prazer não estão 
No mesmo lugar
O meu corpo não cabe
Nem aceita tal caixinha de sapato.

E o grito desesperado daquela mulher
Hoje não se ouve mais
Tomaram-lhe tudo
Incendiaram sua casa
Calaram seu grito com 
A surdez fingida,
Fingiram não
entender a dor que a ela cabia
A nossa está acima da terra
Em outro terreno, o corpo dela se encaixou
O meu, quer o alento
Que ao viver, o dela não encontrou...

Tomaram-lhe,
Arrancaram a sua dignidade
Pouco a pouco.
Aquele trabalhador
Hoje caminha com seus sapatos furados
Quem olha para os pés
Quando o dinheiro está a sua vista?
Meu corpo caminha descalço
Juntos aqueles pés cansados da sola gasta!

Chamas Históricas queimam minha alma
Meu espírito perde a lembrança de outrora
De quando fui índio, preto, faraó e serviçal
De quando fui bicho e Humano
"Demasiado humano"
Ruínas do meu corpo
Um esqueleto de restos de cinzas
Arde profundamente 
Amargamente no lábio que nem
Beija nem fala nem grita
Sussurra e geme e sente arder
E se esvai...  Então meu corpo
Que não se encaixa nessa realidade
Para longe de qualquer nacionalidade
Cabe na fumaça que se dissipa ao vento

Meu corpo, que nada vale,
Paga a costura das togas
Sob gritos desesperados
Errantes, oriundos
Meu corpo quer lavar o sangue
Que adorna os vestidos negros
Uma cor feita pra justiça
Não pode ter manchas lidas
Como enfeites de poder e status quo
Nossos corpos, nossas lágrimas,
Seja do que for, como for,
Não são "coisinhas qualquer"


Rio de Janeiro, 10/09/2018
Carsan




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