As
vezes penso que são os seus cabelos. As vezes penso que os cabelos de uma
mulher são chaves para seus mistérios. Cada corte um momento na estrada, ou uma
longa estrada com seus momentos vastos. Quando teus cabelos eram curtos, era
uma outra história, uma outra paixão e os sentimentos que nos embriagam e nos
deixam em conversa na madruga, nossos fluxos sentimentais venciam facilmente o
sono.
De
repente deixa-se o cabelo crescer, pressentindo uma mudança gradual, misturado
com a preguiça de levantar no dia seguinte. Mas como se não houvesse um nada
anteriormente, uma bomba explode, o passado longínquo, sempre presente em
nossas vidas vem a tona, grita, anseia, e quando podemos, numa atitude sincera e
de confiança, o recitamos com choro numa tarde qualquer, um choro que pesa, que
só pode ser dito numa tarde, um choro que não se encerra na madrugada.
Nenhuma
mulher se resume nos seus cabelos, nem na falta dos mesmos, não podemos resumir
toda a história de vida em representações, e nenhuma certeza tiramos das
representações... mas na maioria das vezes não precisamos de certezas. mas de
representações!
E
quantas representações sobrevém dos cabelos da mulher! há beleza em todos os
cortes, há beleza na ausência de cabelos, há beleza na sua simplicidade e na
sua vaidade! Mas os cortes se abrem novamente, cortes do passado... os cabelos
de mulher!
Rio de Janeiro, 24/06/2014
Edgar de C. Santana
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