As vezes o silêncio se
faz tão auditivo quanto o grito, o escandaliza e atinge nossos falsos sorrisos
e nos revela a cara mal-humorada e bem morada em nossa alma. Há horas que só o
grito é possível.
O grito e o silêncio
são como uma moeda, de modo inverso, porém diretamente relacionados, o grito
cuida do silêncio, o envolve numa cúpula, e quando há uma bomba nuclear
implodida, o silêncio o rompe: “Basta grito” ele diz.
O silêncio ecoa, é
percebido, ele está e cerca o grito, que murmura entre os muros do silêncio,
num sentindo crescente até romper com o silêncio e ganhar um corpo, rasgando o
muro que o envolvia deixando se ver por todos os olhos ao redor. O corpo diz
qualquer coisa que soe como uma explicação, e se escuta incompreendido.
Junto ao corpo a mente
se isola em um canto e assiste a cena do “importa às minhas vontades” “nada
importa”. Silêncio e Grito, quais suas origens? Quando são origens, quais as suas
causas? Quais os seus sentidos?
Como posso ser tão solitário
e querer tanto a relação com outro, a tal ponto que um e outro se dependem? Silêncio
e grito oscilam em conflito. Quem viveu e atuou em solidão, compreende a importância
da sua relação com o outro, da sociedade e dos silêncios e gritos que delas
ecoam, e que sobre elas se fazem ecoar?
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