domingo, 24 de novembro de 2013

Alguns anos mais tarde voltamos a Edson Passos para relembrar nossas memórias.

 - Como agente corria neste campo
 - Nosso pai botava agente pra correr!
 - Não nos preocupávamos tanto quanto hoje...

Crescemos, e o mundo parece ter crescido ainda mais aos nossos olhos, conseguimos manter vivas nossas memórias... que escorrem junto às nossas lágrimas como fragmentos de um realidade, que apesar de termos vivido, nos é em parte inatingível!

 - Se pudéssemos ter usado fotografias como hoje? Como seria?
 - Pois é... Não pudemos tê-las.
 - Procurei aquela nossa foto pelos jornais, mas não haviam arquivos para àquela época!

Não nos falamos muito, a verdade é que cada fala fugia apenas como fragmentos das nossas memórias. Nossas memórias é que conversavam e nos levavam há um outro contexto, a outras pessoas. As casas eram outras, o telhado que um dia quase caí, por achar que voava, não existia mais. As janelas pelas quais nosso pai fingia ser um entregador de presentes foram trocadas. Até mesmo a piscina, onde brincávamos de nadadores, ou disputávamos quem ficava mais tempo embaixo d'água; O próprio bairro, em que demos nossos primeiros passos havia mudado.
Mas nem tudo muda, para nossa alegria, há algo que se preserva e que nos possibilita em parte olharmos por uma outra perspectiva; documentos que foram preservados em nossas cabeças, hoje envelhecidas, e revíamos e tínhamos a certeza de que nem tudo mudou, de que a memória permanece, dependendo de nós, apenas, para que ela seja sempre revisitada.
Conversamos com uns antigos moradores, e enquanto lembrávamos, nossos olhos pegavam fogo e vez por outra não seguravam o choro que brotava  tímido.
Lembranças simples, lembramos das meninas, dos meninos, dos apelidos; o meu por exemplo  era "Branco Azedo" e tinham outros, bastávamos olhar para a pessoa, para um colega, e um apelido vinha, e se já houvesse, um novo era dado, era apelido para tudo, independente de idade, de quem era, e do que fazia.
Rimos, rimos até hoje, e até hoje nos matemos unidos, nossas memórias nos unem... não registramos momentos em fotografias e filmes
Fomos embora, levamos conosco às nossas memórias para encararmos a volta ao "mundo grande"


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