quarta-feira, 8 de março de 2017

Um Repentino Encontro

A insonia que por anos
Roubou meus sonhos
Hoje não me visita mais

Quando um turbilhão de
Imagens rodopiavam
Minha mente

Uma frágil abelinha
Fez de pouso minha pele
De caminho os pelos dos braços
Com suas patinhas finas, seguiu
Até a palma da minha mão

Num primeiro instante
Com a fumaça do cigarro
Quis espantá-la,
Afinal,
Não poderia ela machucar-me?

Mas ela insistiu
E nem precisou muito
Para me passear
Exceto que eu a deixasse a vontade

Que eu a perguntasse:
"Está bem, o que quer dizer e fazer?"

Claro, uma abelha, ainda que inofensiva
faz doer qualquer um

Tão delicadas as suas patas,
Suas asinhas miúdas
Uma cabeça que parecia um olho só
De tantos olhos que ela possui
E então, para minha surpresa
Ela não tinha o seu temido ferrão

Eu ri!

A fala dela, eu não pude ouvir,
Não sei o que disse
Não sei o que queria me contar
A sua linguagem não aprendi
E talvez não entendesse a minha
Nem que eu queria lhe contar

E então ela partiu,
Talvez para alguma flor
Ou para a colmeia
Que há alguns anos se estabeleceu
Embaixo da minha escada...

Ela foi, me fazendo lembrar
Que a noite
Os sonhos vinham me visitar
O equilíbrio estava em seu lugar
Ainda que frágil, como ela
Mas os risos cheios de contágio
E a vontade, o querer
Ser como ela,
Sei que é difícil!

Temos a mesma linguagem de humanos
Por vezes somos incompreendidos
Ora mudos
Ora incomunicáveis
Com o que nos acalenta
Com o que nos reprime

Porém,  quem sabe para a abelha
Também não fui um desses que machuca
Com um peteleco?

E assim como ela me fez um carinho nos pelos
Os pelos lhes serviram como um divertimento?
E depois a sua patinha apertou a minha mão
Num gesto de AMIZADE!

Talvez,
Esqueceremos um ao outro
Não lembraremos
Deste simples acontecimento
Em dias futuros

Mas quem sabe, não seja este
O sentido de muitos encontros?
Sem precisar-se inesquecível,
Nos tira do limite o olhar
O Medo do algo que não há
E a calmaria de um outro lembrar...



Rio de Janeiro, 08 de Março de 2017
Edgar Carsan










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