segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Posse do se doa.

Mas não posso impedir a poesia
De florescer

Broto
Na dificuldade
Rasga a terra
Faz-se vivo

Folhas, frutos, flores
Sei de suas dificuldades

Como dói nascer

Quanto choro e quando grito
Da mãe é preciso
Ao rasgar a criança o útero
Para que case com o choro
Acalentado do primeiro abraço
Num laço de um peito de pai

Como dói
No coração humano
Deixar nascer o amor
E humanamente
Deixar-se amar

Deixem-se crescer
Corações humanos
Em que cada um
Um útero cheio
De amor a nascer

Nos seus olhos
Viver numa lágrima

Raízes na profundidade
Rasgando a terra
Necessidade de amarmos

Tristezas humanas
São os corações cheios de desprezo
Deixa-se matar a raiz
E de pouco em pouco o amar
Que lhe recai

Despreza a si próprio
Quando se despreza o que lhe ama

Um pouco da nossa infelicidade
Suscita pensando
Que possuímos o amor
Impossível é
Ter posse do que se doa.


Rio de Janeiro, 29/09/2014.

Edgar de C. Santana

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