Mas não posso impedir a poesia
De florescer
Broto
Na dificuldade
Rasga a terra
Faz-se vivo
Folhas, frutos, flores
Sei de suas dificuldades
Como dói nascer
Quanto choro e quando grito
Da mãe é preciso
Ao rasgar a criança o útero
Para que case com o choro
Acalentado do primeiro abraço
Num laço de um peito de pai
Como dói
No coração humano
Deixar nascer o amor
E humanamente
Deixar-se amar
Deixem-se crescer
Corações humanos
Em que cada um
Um útero cheio
De amor a nascer
Nos seus olhos
Viver numa lágrima
Raízes na profundidade
Rasgando a terra
Necessidade de amarmos
Tristezas humanas
São os corações cheios de desprezo
Deixa-se matar a raiz
E de pouco em pouco o amar
Que lhe recai
Despreza a si próprio
Quando se despreza o que lhe ama
Um pouco da nossa infelicidade
Suscita pensando
Que possuímos o amor
Impossível é
Ter posse do que se doa.
Rio de
Janeiro, 29/09/2014.
Edgar
de C. Santana
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