
Talvez
eu seja um desses, talvez eu seja àquela menina que tanto queria sair do seu
emprego e voar para os braços dos filhos, um refúgio para seus sentimentos, mas
que só se pode continuar presa, atrás da tela do computador, afinal, era meio
dia ainda do seu expediente que parecia uma eternidade, afinal havia muros do “não
poder” no emprego... E um não pode, é o emprego! É Empresa! São as empresas, as
pessoas o mundo... Confuso, tudo muito confuso, não poderia me expressar de
modo confuso hoje, como se eu sentisse em mim mesmo onde eu deveria estar...
Talvez
eu pudesse falar do casamento da fé e da ciência, mas olha a física aplicada a
projéteis experimentados em corpos humanos... Quem tem fé que abaixe sua arma! Não
me cabe uma poesia, nem palavras para contar, e mesmo que houvesse ainda o
sentir-se inútil se preservaria.
Talvez
fossemos todos nós, a humanidade inteira assim, e talvez, por algum minuto, eu
desejasse estar no lugar do outro, deitado na areia, e dissesse pronto, passou,
não terei de ver mais o amor, mas também não terei de ver o ódio. Não terei sorrisos,
mas também não terei os olhos molhados, não ouvirei que sou forte, mas também
não terei de ouvir que sou dramático... Quanto à esperança? Pandora abriu uma
segunda vez a sua caixa de males, e ninguém soube... Ela está entre nós, hoje
ela nos é possível, mesmo com toda essa inutilidade que sentimos, mesmo com
essa dor que lateja no peito, ela está entre nós.